Existe um lado obscuro
no lado contrário da tua alma, te impossibilitando estar mais perto
do céu e que ao mesmo tempo não é sombria o suficiente pra te
entregar ao inferno. E este é o lado que ninguém pode ver. Ninguém
pode ver que tua transparência não é total, porque caso seja eles
se afastariam de você, se te vissem assim, nu, certamente deixariam
de acreditar. E é assim o amor, que é uma prova do quanto é
possível suportar, amor é aquele sentimento que enxerga a luz clara
que te envolve mas que não se vai quando esse lado obscuro se
mostra. Daí seria incondicional, daí seria realmente amor.
Não se deixe inebriar
por aqueles sorrisos, no fundo, dentro de si, cada um tem uma verdade
que não é absoluta, e por mais que haja luz, esse lado sombrio há
de existir. Somo todos assim, nem bons nem ruins, cada qual tem um
pouquinho de céu e inferno dentro de si.
Chame de amor aquele
que conhece todas as suas faces, aquele que te ama mesmo que o fim da
tarde seja cinzenta e que nada, absolutamente nada tenha cor. O amor
não tem orgulhos nem julgamentos caro amigo, ele enxerga o que é
claro e sabe exatamente onde estão os defeitos - não confunda com
paixão - mas ao mesmo tempo perdoa, e não deixa de ser amor mesmo
que não compreenda tudo. Ele só se cala quando faz indagações
onde a resposta não o agrada. Se cala sem pestanejar.
Devolva-me a alma,
amor! É que quando te jurei o mundo te entreguei ela, e por isso, e
por ser amor, nem teu lado mais sombrio me assusta, não me afasta,
não me retem. E se queres mesmo que eu me vá, devolva-me aquilo que
eu não sou capaz de te tomar. Me devolva a condicionalidade deste
tal sentimento. Não deixarei de ter carinho por ti. Eu juro.
Trago pra ti algumas
flores, colhidas em algum jardim. Roubadas. Eu tenho carregado por ti
esse sentimento e não venha me perguntar como se devolve se nem teu
lado sombrio me assusta. Não me faça perguntas, eu não tenho mais
respostas. Eu só tenho o amor. Amor.
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