sábado, 12 de abril de 2025

Super.

 Já tinha falado sobre os astros, as estrelas e constelações. Escrevia quase que compulsivamente sobre amores que não eram seus. Se é que algum amor lhe pertence.

Falava de uma forma compassada, parecia lidar bem com o que sentia a ponto de colocar no papel. Mas era menino. 

Viu nos lábios dela uma saída para o desconforto das pernas, para o andar trôpego e para os sonhos confusos, ela só parecia querer um amor comum, cheio de defeitos e virtudes. Ele estufou o peito e se sentiu capaz de ser o amor dela. Se é que é possível pertencer ao amor de alguém.

Caminhou da forma que achou correta, peito em chamas, olhar leve. Para ele aquilo era um despertar, mas sobre o que sentia ela, ele nada sabia.

Se esqueceu de olhar para o relógio e quando notava já era quatro da manhã, todos os dias. Peito pulsando um amor leve tão capaz de não causar cansaço durante o dia, ele agora tinha super poderes! Era incrível olhar para si mesmo daquela forma, peito forte, coração leve. Ele nunca havia se visto assim.

Mas notou que nem sempre as coisas andam como deveriam andar. É claro que um dia ele descobriu também as palavras e ditos mais pesados dela, um dia ele descobriria, ninguém é só flores. E aí, o super herói se lembrou, que para todo super homem há kriptonita em algum lugar.

Caminhou com um passo pesado, descobriu que aqueles eram realmente os passos habituais dele. Morreu o super herói, como sempre morria. Ficou apenas o mesmo menino tonto de sempre, palavras e mais palavras para falar do que sente, sentir e mais sentir para poder escrever. Era o que era, aquilo era o amor dele. E este amor lhe pertence, porque não vai a lugar nenhum.

Certa feita, palavras embaraçadas e copo na mão, tinha falado sobre amores dolorosos e precipícios. Sabia o quanto era grande e pesaroso o que sempre escreveu. Ele era o menino triste das histórias de amor, ele era o mesmo boêmio dos amores de uma noite. 

Mas no fundo, ele só queria ser o amor dela. Se é que alguém pode pertencer a algum amor.


Um comentário:

  1. Eu sempre venho aqui e sempre quero comentar.
    Eu já li esse blog inteirinho algumas vezes e sempre, sempre e sempre quis ser a musa dos seus escritos.
    É tão bonito o seu escrever!

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