quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dizeres.

Outro lado da linha ele escutava calado as palavras que ela desferia, desferia mesmo, como golpes de punhal cravados em seu peito de forma lenta e continua. Ele a amava e por isso se mantinha calado, sentido golpe a golpe de cada palavra que ela dizia, já que era o que ela tinha a oferecer naquele momento. Desligou o telefone e chorava lágrimas caladas, não requisitou a hipótese de um dia sorrir novamente, era como se o seu mundo tivesse o traído, o deixado de lado e ido viver uma outra vida de onde ele não fazia parte. Os dias se passaram, o diziam que ia ficar tudo bem, que era questão de tempo e ele esperava, ele aguardava, tentava sorrir, não estava fechado, vez ou outro alguma bela mulher o encantava, ele se entregava, de corpo, mas faltava aquela entrega de alma e coração que jamais acontecia, afinal de contas ele já havia entregado tudo isso a alguém e por mais que o tempo passasse aquilo tudo ainda era dela, ela que vive em um outro mundo, sorri e segue em frente, ela que nunca mais cruzou seu caminho, ela que nunca mais trocou com ele um olhar. Era sua maior dor não poder olhar nos olhos dela e dizer:” -Olha só meu amor, não precisa ficar se não quiser, mas olhe pra mim, olhe pra dentro da minha alma, olhe em meus olhos. Eu te amo!” Era como se ele vivesse em um universo paralelo e assistisse a sua vida acontecer sentado em uma poltrona de espinhos, desconfortável, inconformado, sem muita vontade de seguir. Ele ainda a amava e sabia que ainda estava muito longe de deixar de amar, certamente nunca deixaria, ele sabia de tudo isto. Mas mesmo assim sorria um sorriso preguiçoso, moleque, ainda tinha seus encantos, ainda atraia olhares pretenciosos, ainda era menino e meninos nunca deixam de ter seus encantos.

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