O amor, finalmente ele.

O amor era um amigo distante que se tornou tão intimo de repente, eu não sei muito sobre ele, como era de se esperar. Mas mesmo assim ele me invadiu, tomou não só a sala de estar mas a casa toda, não se hospedou, veio pra morar em mim.

Do nada aquele desconhecido colocou as malas na porta, me deu sorriso gentil e perguntou se poderia ficar, pra sempre. Eu peguei suas malas e o ajudei a se instalar. Meio surpreso, meio bobo com tal presença ilustre.

Eu limpei a casa meio desajeitado, tentei colocar as coisas no lugar correndo pra que ele não se sentisse mal recebido. Eu estava o esperando a tanto tempo que tinha perdido as esperanças de que ele viesse de fato.

Eu não soube o que servir a ele no jantar, me sentei desajeitado na mesa e fiquei deslumbrado, mesmo que sem saber o que fazer. Ele notou, me olhou nos olhos e sorriu, eu me apavorei sem saber se ele sorria pra mim, ou se ria de mim de um jeito educado.

Na verdade eu ainda não sei como me comportar na presença dele, mas vou aprender, ele não veio pra uma simples visita, e nós sabemos disso.

Oh minha menina, ele te trouxe nas mãos, ele é seu e obedece somente a ti, ele é meu mas não me pertence. Parece contraditório. E é.

Me dê a mão, seja paciente comigo, eu nem sei mais como se faz. Já você nasceu pra ele, viveu com ele, cresceu com ele dentro de ti. Eu sou só um menino deslumbrado com a cor dos olhos dele, com a cor dos seus também. E vez ou outra não sei lidar. Mas eu aprendo, eu faço questão de aprender, porque te amo.

Amanhã, quando o vendaval passar, eu vou servir o melhor de mim pra vocês dois. Parte de mim ainda será esse menino bobo, mas só a parte boa dele. A outra será grande o suficiente pra te ter no braços e cuidar de ti, de ti e dele, o amor.

Vou te cantar uma canção, desafinado, do meu jeito. Daquele meu jeito. Mas é o melhor de mim, é a minha melhor canção. É o melhor jeito que sei fazer. Mas eu aprendo, aprendo aos poucos, aprendo rápido, aprendo pelo teu amor. Pelo meu amor.