Caminhado pela vida o menino passou a ler seus escritos, tristes retalhos de papel amassados nos bolsos. Sorriu o velho sorriso maldito e abriu o peito esperando que o sangue jorrasse em cima daqueles pedaços de papel.
Com os olhos marejados e aquele sorriso de moleque, parecia louco. Sagaz experimentou o mais puro fel, se deleitou no mel e foi do céu ao inferno. Ele sabia que seus passos curtos às vezes apressados o levavam a algum lugar. Ele não fazia questão de saber onde.
Deixou para lá o nó na garganta, e agora falava desaforadamente de tudo o que sentia. Um pouco perverso às vezes, não queria mais guardar no peito o frio, o vazio e a solidão! Ele vomitava tudo o que sentia, com o dedo na garganta e nenhuma culpa. O que seria do menino sem seus ditos? Ele voltou a habitar o corpo daquela que o hospedava sem pudor. Eram dele os sentimentos dela. Ele estava disposto que voltassem a ser apenas um embora ela às vezes o reprimisse. Ele queria ensinar a ela o quanto seria doce voltar a amá-lo.
De manhã se olharam no espelho, sorriram um para o outro e ela o abrigou, por dias consecutivos. O menino talvez esteja lhe caindo bem. Não é, menina?
Caminharam por aí, não guardaram nenhum sentimento que os atingia! Ela após decidir que seria bom deixá-lo viver um pouco sorriu um sorriso sincero ao final do dia. Ele ainda doía, ela já não ligava tanto assim, pelo menos por mais hoje.
Era tão fugaz a presença dele. Ele escrevia linhas fora das páginas, nas palavras dela. Palavras jogadas ao vento. Ele sentia um prazer inesgotável por não ser, pelo menos naquele momento somente quem abrigava o papel. O peito parecia explodir, eles estavam em puro êxtase. Quanto tempo duraria ninguém sabia, mas naquele instante eles estavam felizes.
Ele vinha se sentindo abrigado pela liberdade que ela resolveu dar a ele! Fazia tanto tempo.
Quase que explodindo, no final da noite se abraçaram e prometeram acordar juntos. Pelo menos por mais amanhã.
Caminhando pela vida.
E o que tiver que ser, será!
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