terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Poetizar e respirar.


O tempo tem passado de forma tão remota entre essas paredes, usa-se dizer que os poetas não enxergam o tempo, simplesmente o sentem passar, mas enfim, nem isso tem me ocorrido.
Nessas tardes febris eu tenho esquecido o relógio e desentendido todas as coisas do mundo exterior, me sobra o edredom, o sono e a pressa.
Vê que a vida passa meu caro amigo? Vê que ao fim disso tudo estaremos velhos suficiente pra não fazer mais questão nenhuma?
Tão jovens, mas também já tão condenados as penas corporais trazidas pelo fator tempo. Eu sento na minha janela e fico observando a vida passar já que a febre não passa.
Vai que passa um novo amor na minha calçada e eu não estou lá pra ver? Vai que ela olha pra minha janela todos os dias e por não me ver hoje acha que eu já sai pelo mundo em busca de outras paixões, vai que eu perco o que não tenho, vai que eu já tenho e não quero perder.
Por isso eu abro a janela para ver ela passar, sabe-se lá quem é ela, vai que ela não passa?
Mas enfim, não vai ser por falta de esperar.
Ah meu amigo!O tempo já não tem mais o dom de me enganar, mesmo quando não o sinto não perco o tempo precioso que ainda tenho a respirar.
Todos os grandes poetas morreram jovens sem grandes histórias reais de amor pra contar, meu maior ídolo amava a irmã, morreu virgem, só soube escrever e estudar. Tinha grandes coisas em comum comigo, era jovem, advogado, e escrevia sobre coisas somente por acreditar, por mais mirabolantes que as vezes elas parecessem ser. Enganado pelo tempo lá se foi, gastou todo ele a poetizar.
Por isso não perca o tempo, nem os dias, procure amores reais pra distrair o pesar. O fardo é pesado caro amigo e ninguém, absolutamente ninguém vai te ajudar a carregar.

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