terça-feira, 3 de maio de 2011

A Dona dos meus olhos.


Aquela que habita o inabitável invadiu a sala com olhos de raiva, e eu me levantei repentinamente, como quem não entendia muito bem o que estava acontecendo. Caminhei até ela e a olhei, apenas olhei fixamente, com aqueles olhos que ela já conhece, que pra ela são transparentes, só pra ela. Escuros e misteriosos eles ainda escondiam várias coisas do mundo, e foi aí que percebi onde foi que errei.
Os meus olhos Dona Moça, foram os primeiros a se transparecer pra você, mas vejo que o que te encantava era o mistério deles, por fim você percebeu que a pessoa por trás deles erra, sente medo, frio, dor.
E então fixei meu olhar em um ponto fixo, e perguntei o que havia. Ela não respondeu.
Depois de uns minutos de silencio eu a abracei, e pedi para que se acalmasse, e desses olhos surgiram lágrimas, eu não podia a perder. Era tudo o que eu tinha, tudo o que eu queria, era suave e forte, era calmaria e tempestade, era a pessoa certa e errada, era ela o meu mundo.
Aos poucos senti sua cabeça pesar sobre meu ombro e nossos corações começaram a bater rapidamente na mesma velocidade, estávamos interligadas por uma estranha força, vinha de dentro, eu não entendia, ela parecia também não entender e então ela olhou pra mim.
Meus olhos rasos são coisa rara, ainda mais para a dona deles. Ela sabia que jamais me veria chorar a não ser por ela mesma, e então ela percebeu. Naquele dia ela percebeu que eu era incapaz de machuca-la por querer, mas que eu tinha minhas falhas, que eu era humana. E que bom que eu era humana, tinha sangue quente, coração pulsante e lágrimas nos olhos.
Tem certas coisas inexplicáveis Dona dos meus olhos, assim como o medo que me aperta quando a saudade machuca, machuca tirando de mim pedaços, sangue. Arrancando de mim soluços de dor e medo, saudade, desordem, sofrimento.
É que quando você se vai sempre existe a angustia de que seja a última vez que te vejo, te toco, te beijo. E ai então eu me torno de novo criança, me deito no conto da cama, me encolho, e choro, a noite toda, como quem sente falta do mundo inteiro, como quem não sabe lidar nem com o medo , nem com escuro, nem com a saudade.
E por incrível que pareça eu nunca havia sentido isso. Por mais ninguém.


Então ela me olhou com olhos de ternura, e pediu pra eu me acalmar. Eu sabia que iria ficar tudo bem.

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