quarta-feira, 22 de junho de 2011

Momentâneo. Sabe como é?


Ela passou e só olhou, olhou e continuou a olhar, olhava fixamente. Eu desajeitado olhava pros lados, meio desconsertado pensando se era pra mim mesmo que ela olhava daquela forma, estava meio atordoado, eu sempre tomo muitos goles a mais e sempre perco a noção dos fatos. Mas enfim, era pra mim que ela olhava.
Atravessei a sala, era enorme, as pessoas me olhavam e eu me esforçava pra disfarçar o quanto estava bêbado, eu não queria estar mais tão bêbado. Então disfarçava como sempre, passava a mão nos cabelos. Fazia cara de sério, tentava colocar as mãos nos bolsos, eu não tinha bolsos.
E então cheguei até ela, aí pensei: - Por que é que eu não estou mais bêbado?
Contraditório caro amigo? Não, eu só não estava sabendo como me comportar diante daquela reação minha, eu sempre sorrio pras moças que passam a me olhar, faço aquele tipinho cafajeste que tá pouco se importando com a merda. Se vai rolar, nunca importa muito. O interessante é o jogo da conquista momentânea sem muita lógica.
Mas enfim, eu estava me importando, porque naquele momento, sabe-se lá porque cargas d’agua eu era dela, seus olhos me fizeram tremer a alma. Senti-me vivo, sabe como é isso?
Então sem mais nem menos eu estava lá, frente a frente com quem poderia naquele instante ter o que quisesse de mim e não sabia como agir. Como agir?
Amigo, eu ando meio atordoado esses dias, mas não é por isso que ela chamava atenção. Já tive outros dias difíceis.
Eu só achava que, nesse meu peito frio nada mais poderia acontecer. Mas naquele momento eu senti sangue pulsando em minhas veias, eu senti vida. Meu coração pulsava, quente, quente junto ao corpo dela que também era quente.
Momentâneo, rápido, nenhum pouco corriqueiro menina. Será que ela sabe como é?
Enfim. Eu só queria saber falar de sentimentos como falava antes, o tempo me ensinou a falar de ressentimentos e parece que eu acabei por me fazer assim, mas não era o que eu sentia naquele momento e às vezes até penso que não é o que eu sinto agora.
Eu só queria te dizer, mesmo que eu tivesse que beber mais uns goles e ficar segurando o maço de cigarros passando de uma mão pra outra,meio tremulo, amassando cada canto do box enquanto falo: - Eu gosto de sentir sangue em minhas veias. Sabe como é? Que nem criança. Eu gosto de você.

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