segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Saudade de casa"


Entre todas aquelas pessoas ele se retirou, se retirou do centro de toda aquela badalação e se sentou na sacada, sacada escura, longe de toda aquela gente feliz, colocou a mão no peito e chorou. Chorou sem entender porque, já que a presença dela já não fazia mais falta, ' longe dos olhos, longe do coração” não é assim que acontece?
É, naquele caso era, ninguém consegue manter um amor não nutrido intenso por muito tempo, e ele sentia aquele amor fugir do coração e por isso chorava, chorava porque queria a amar pra sempre mesmo que não fosse reciproco, mesmo sem esperança nenhuma ela era a dona de todos os sonhos dele e ele gostava de a ter ali, mesmo só que nos sonhos, mas o ser humano tem sistemas de proteção e por isso mesmo ela estava por ser esquecida aos poucos, tão aos poucos que só naquela hora ele notava que não sentia mais nada, que mesmo que sentisse não queria mais que ela fizesse parte nem de sua vida nem de seus sonhos, e que mesmo que lembrasse dela pro resto da vida não queria que ela fizesse mais parte da vida dele.
E então chorava com pesar a morte de um sonho lindo, um sonho do qual ele teria vivido, nos sonhos e no plano real, é difícil matar sonhos amigo, até porque com eles você também mata paisagens, ideias e até pessoas que nunca existiram.
E por isso mesmo ele chorava, não por ela, mas por ele mesmo.
E então se levantou, fazia meses que não se deixava tocar de verdade, tinha tido tantas mulheres naquele período, mais que nunca teve na vida toda, parecia um lobo faminto por atenção, carinho, pele e não fazia isso porque deixou de amar, mas porque de certa forma precisava suprir a falta que ela fez, mas agora não existia mais a falta mas sim a fome. Ele sabia que se levantaria dali e colocaria de novo os olhos em outra mulher que lhe ocuparia a noite, os lábios e o corpo. Mas naquele momento ele apenas chorava com pesar a morte de uma porção de coisas.
De longe ele apenas ouvia uma canção que dizia assim:

“ Pois é, tô com saudade danada de casa viu? E eu tô me controlando a vera pra não te esquecer, porque da coleção de tempos bons que eu guardei pra mim, a cada dia eu te mato um pouco mais em mim.”

Mas mesmo assim ele estava de coração tranquilo e sabia que tudo já estava em seu lugar, e então ele sorriu, sentiu o peito quente pronto pra voltar a amar.

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