sábado, 22 de outubro de 2011

Sem mais.


Seus olhos se cruzaram numa manhã cinzenta, não se viam a algum tempo, pra ele pareciam anos, ele fez questão de olhar direto nos olhos, quis se provar, afinal de contas ele a amava tanto. Quando a olhou teve a certeza, aquele amor estava vivo em suas veias, mas não se exaltou, usou poucas palavras. Não era orgulho, era cuidado. Mas a algum tempo ele sabia também de outra coisa, sabia que não a queria mais, havia tido noticias dela enquanto sequer se falavam, ele não a julgava, não a criticava, ela simplesmente não era o que ele queria pra ele, não era a mulher que aparentava. Mas mesmo assim ele não a ofendia com palavras pesadas e nem a criticava, ela era assim e ele desejava que ela fosse feliz.
Esteve disposto, esteve sim! Embora fosse daquele jeito dele, ele quis fazê-la feliz, nunca foi perfeito, sabe que por diversas vezes causou decepções, mas também sabe que não existe quem não cause, diferente dela. Teria a perdoado caso soubesse de algo terrível que ela tivesse feito, não era tão egoísta assim, nem tão rude, nem tão radical. Ela sequer teria perdoado um pequeno deslize, ele não tem nem perfil, nem cavalo, nem espada, nem intenção de ser príncipe encantado, nem de ser perfeito. Sua espada é um punhal de duas pontas e fere a ele mesmo quando fere outra pessoa, isso é uma qualidade em meio a inúmeros defeitos, ele era humano, mas a amou ao seu máximo, fez o que pode, mas era o jeito dele e não era obrigação dela entender. E então ela se foi.
E então passou pela sua cabeça: “- Será que ela ainda pensa em mim? Será que ainda me ama?”
Logo em seguida chegou a conclusão de que não importava, aquele amor dele havia se tonado sentimento a ser guardado, ele já sabia viver sem ela embora soubesse que a ama e que talvez a ame sempre e então virou as costas com apenas um pensamento na cabeça:

- Daqui a vinte ou trinta anos pode ser que os caminhos da vida nos façam nos cruzar outra vez, e aí, mesmo que não te queira mais eu vou ter a paz de olhar nos teus olhos e dizer que ainda te amo.

E tirando isso, no mais é tudo corriqueiro, como esses amores que nascem e morrem em questão de meses, dias. O dele era diferente e ele sabia, mas já que não causava mais dor ele preferia deixar onde está. Sem mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário