sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Madrugada.


Eu não sabia que era tanto, tanto menina que chega a arrancar lágrimas desses meus olhos, eu nunca imaginei que a falta da tua voz em uma noite desses chegasse a doer tanto.
Sabe? Talvez um dia eu ainda consiga te contar coisas que nunca soube de mim, como quando eu fiquei doida a kilometros de distância daqui, brigando com meio mundo pra ir pra casa porque eu precisava me deitar na minha cama e ouvir sua voz.
E o que mais me dói não é a falta dos papos apimentados ao decorrer da noite, o que mais me faz falta é a forma que me chamava de amor, era o cuidado, a docilidade, o encanto.
O que mais me faz falta é dormir depois me sentindo cercada de um abraço distante. É a necessidade daquele beijo, o que me faz falta você nem pode imaginar.
O que mais me assombra são essas horas da madrugada que demoram a passar, lembra o quanto elas voavam menina? Consegues lembrar?
Hoje elas são um fardo pesado, são, e mesmo que você não consiga imaginar o quanto. Você não tem forças pra estar comigo e eu não tenho pra estar sem você agora!
Tá vendo aquela menina? Aquela que chegou sem avisar? Tá vendo João? Enxerga José? Consegues ver a luz forte que ela tem? Aquela é a minha menina que me foi arrancada sem pelo menos um beijo de despedida, me deixou de olhos rasos aqui, no canto da sala, eu sei que não foi por mal, mas dói, dói como doeu quando me foi arrancado um primeiro amor, como me foi interrompido o direito de ser criança, dói como naquele dia em que percebi que todos os que amo acabam por ir embora. Dói simplesmente.
Dói como deixar o lar, aquele lar que eras, dói como a saudade de algo acolhedor, faz frio, assombra, assusta.
Estive pensando aqui, se é verdade que todo sentimento limpo pode ser o que quiser, porque é que não ficou? Por que não puxou uma cadeira, se sentou no centro do meu mundo e não me deixou girar em volta? Por que é que me sentimento limpo não se sobressaiu, não vingou?
Eu sou só uma criança menina, eu só precisava crescer do seu lado, te mostrar algumas coisas que sei. Eu só queria não ter que arcar com as atitudes alheias, com a vontade alheia, com tudo isso que não é meu.
Tem mil coisas que talvez não saiba, como quando eu acho lindo quando no fim da tarde o céu fica todo colorido, como quando na noite as estrelas enfeitam todo um céu limpo, como quanto me encanta quando as pessoas se olham nos olhos sem barreiras. E como tudo isso faz doce o meu sorriso, este que nesta noite foi roubado. Este que pelo menos hoje não existe.
E de repente me peguei olhando para minhas mãos, e me lembrei o quanto gostas delas, e pensei nos teus dedos entrelaçados, pensei um pouco abobalhada, com mais um pouco de vontade de chorar.

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