quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Falando de Amor.



Um tanto amuado eu me sentei no final daquela varanda enorme, lá em baixo só as luzes dos carros se movimentavam. Era um vai e vem de vidas em plena madrugada, deveriam ser três quatro horas da manhã.
Daí ela se aproximou, em passos leves. Senti uma presença clara a percorrer a varanda até chegar a mim, não me virei para confirmar quem era, no fundo eu sabia.
- O que faz aí sozinho?
Não respondi, me virei e olhei direto nos olhos dela, ela retribuiu aquele olhar. Era uma mistura de docilidade e desejos de deixar qualquer um sem palavras, e então sorri um pouco desajeitado olhando pra ela e em seguida me virei para o lado um pouco pensativo.
-Vejo a vida passar, espero o amor chegar, espero as certezas me encontrarem.
-E alguma dessas coisas te encontram?
-Não sei, não sei. Mas eu as espero, e sempre tomo atitudes quando acho que posso as encontrar, mas hoje eu preferi me sentar aqui e observar.
Não sabia muito bem o que estava falando, já tinha bebido um pouco de mais. Mas a cada segundo de silêncio do lado daquela mulher fazia com que minha alma dissesse que havia encontrado uma daquelas coisas que eu procurava.
Nos olhávamos como se os olhos conversassem, como se o tempo não passasse. Porém tinha medos e traumas, cicatrizes e feridas abertas que sangravam. Não sabia se aquilo seria me aventurar ou me entregar a um colo que faria com que tudo fosse curado.
Ela não sabia disso, talvez até soubesse e não falasse sobre, foi quando perguntei:
-E você? O que faz aqui sentada em um lugar distante, com uma pessoa vazia e distante, cheia de pesares?
Ela sorriu como se eu estivesse exagerando no que disse, mas não! Eu não estava exagerando, e embora sorrisse o tempo todo frente as pessoas eu chorava por dentro uma dor que nada fazia passar.
-Estou pensando em quantas vezes olhei pra você e soube que não estava tudo bem, em quantas vezes eu quis que estivesse. E mais, estava pensando em quantas vezes eu procurei a felicidade do lado de fora sem saber que ela estava do lado de dentro.
Houve um silêncio.
Nos olhamos como se não entendêssemos, nos beijamos como se o tempo não passasse. Nos entregamos como se nunca fossem haver obstáculos. E durante vidas nos encontramos naquela mesma varanda, para curar nossas dores, trocarmos docilidades e falarmos de amor!

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