terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Iguais.


Estava esperando que ela viesse, ali mesmo, em frente a casa rosa de portões brancos quando ela chegou. Ela se sentou do meu lado e disse: Me tire daqui!
Tinha os olhos marejados, uma fragilidade que poderia ser enxergada a quilômetros, mas não questionei, apenas tratei de tirá-la de lá. Nunca a tinha visto daquela maneira, não nos conhecemos tão bem assim, quando por fim não me contive e perguntei: - O que aconteceu?
Ela ficou alguns segundos em silêncio e respondeu: - Nada de mais, acho melhor deixarmos isso pra lá, não foi pra isso que te chamei aqui, precisava sair um pouco, rir um pouco, me distrair um pouco. Deu vontade de você.
-Tudo bem! Respondi, achando inconveniente fazer mais perguntas.
-Eu escrevo sobre você!
-O que?
-Eu escrevo sobre você!
Ela sorriu, enfim, consegui fazê-la sorrir em meio aquelas lágrimas.
-E o que você escreve?
-Escrevo sobre toda esse nossa troca de sinceridade. Mas eu queria saber se faço mal, faço?
-Não! Acho que gostei disso!
Sorrimos.
-Mas voltemos ao principio, está sentindo saudades de alguém moça?
-Não!
-Está arrependida de algo?
-Não!
-Mas e então?
-Me sinto só, só isso, me sinto tão só! Não sei ser só. Mas sempre que te ligo no meio da noite eu faço o que sempre dizemos, distraio a solidão, por isso te liguei! Me desculpe as lágrimas e o desajeito!
-Magina! Está tudo bem!
Sabe garota, somos tão iguais! E mesmo que digam que nascemos um para o outro sabemos que não, somos inteiramente iguais, e é bom poder compartilhar com você isso, porque eu sei que você entende perfeitamente o que sinto, eu entendo perfeitamente o que sente, mas somos tão iguais.
Não sei muito sobre você, mas no que sei somos tão parecidos. Era a primeira vez que falávamos sobre qualquer tipo de sentimento e aquele sentimento não estava entre nós, aquele sentimento era particular, meu comigo mesmo, dela com ela mesma.
Mas enfim, não tocamos mais no assunto, por fim nossos corpos acabaram por se encaixar como sempre se encaixam, acho que por um momento não lembrávamos mais de solidão ou de qualquer outra coisa.

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