terça-feira, 27 de março de 2012

Amor.



Insensato o coração que quis para si outro, com sentimento de posse. Insensatas as palavras ditas no calor de um momento banal, no calor de uma situação banal que poderia ser muito bem contornada.
Errados e imprudentes os corações que se amam e não se aconchegam, frias as noites que proporcionam, malditas as palavras que calam, imprudentes os corpos que os abrigam, covardes as vozes que não solucionam o câncer que nasce no peito daquele que suprime um amor incontestável.
Infelizes aqueles que o censuram, mordazes as palavras que os sufocam, eterno o não dito perturbador.
Antes tardio o grito do que calado, calado pra sempre quando deixa de bater o coração mortal, coração que não suporta a dor diária de sufocar as próprias batidas, as próprias lamentações.
Incapaz o poeta que fala de um amor doce, porém não vivido aos seus extremos. Incapaz de falar de qualquer outro amor.
Doente o corpo que o mantem, doente de um câncer terminal, doente de uma dor interminável, doente, frágil, mortal.
Deixa pra depois a lamentação, deixa pra depois a discussão, deixa pra depois essa diferença quase que insignificante que sempre corteja o que há de melhor em nós, o que há de melhor é o amor, o que há de melhor é essa linda tarde de verão. Troque essa roupa fúnebre pela minha camisa de botão, coloque ela ao amanhecer e faça um café pra nós dois, deixe as suas pelo chão.
Deixe que de você eu cuido, mas não deixe de cuidar do coração.

Hoje não é só mais um dia de verão. Vá, mas volte, eu espero com paciência e atenção. Eu não vou deixar de te amar, mesmo que doa, mesmo que me tire aos poucos a força, mesmo que mate aos poucos o coração.

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