sábado, 24 de março de 2012

Sentir.


É difícil viver inventando prioridades, é o trabalho, a saúde, o bem estar ( que nem é tão bem estar assim), a boa vida de sempre ( que nem é tão boa assim).
São oito horas de trabalho, por duas de academia ( que eu havia abandonado, mas que ocupa a mente), por algumas poucas de sono( que só preenchem a mente), por mais muitas de estudo ( que acabam se intercalando com pensamentos confusos).
É um olhar destraido que parece interessado, são umas palavras confusas que parecem sensatas, menina.
É uma flor murcha no canto da sala, daquelas que eu não me lembrei de regar, um descuido proposital depois de um cuidado inventado, é fingir estar tudo bem e seguir em frente.
É não te ligar no meio da noite por julgar inadequado, é não te escrever por julgar incorreto, são pensamentos de mais onde esses nem deveriam existir.
Mas enfim, eu jogo limpo. Não tenho medo de que descubram o que se passa já que isso é tão limpo, tão lucido. Não tenho medo do que digo ou faço por sempre arcar com as consequências das minhas palavras.
Não me julgo o mais certo dos rapazes, eu as vezes roubo flores dos outros jardim pra te dar sabia? Mas pago pelo pecado de as matar sem lhe entregar, pago diariamente o pecado de te querer tanto e você nem entender porque isto é tão grande.
Te escrevo cartas com cheiro dessas flores, misturado a sangue e lágrimas, ando pelos cantos da casa zonzo, tropeço e caio, jogado a minha própria sorte.
Dirijo imprudentemente, com o pensamento longe, perco alguns minutos no trabalho pensando em algo que não tem nada a ver com trabalho.
Canto as canções mais bregas, regadas a um amor daqueles bem antigos, inocentes e claros com o teu rosto na memória, sei que não és a única das moças, mas acabo por agir como se fosse.
Vez em quando choro feito criança, vez em quando confesso a alguém que deixei que se transformasse em amor. Como assim amor, meu Deus?
Poderia mentir dizendo que é só saudade, mas tem algo além, existe um desejo diferente, existe uma vontade diferente, porém contida que pode ser o que for se permitires que eu esteja por perto. Não é tão fácil assim.
Lembra quando eu disse que sentiria por muito tempo? Lembra?
Aposto que chegou a duvidar, a achar que seriam só palavras, a achar que não viria do coração.


O pior de tudo é não poder lutar pelo que se sente, nem contra o que se sente.


"Beijos sem tocar os lábios, abraços sem sentir o calor do corpo, olhares que nunca se cruzam, desejos constantemente reprimidos, vontades vividas na imaginação, sonhos que se repetem na mente, lágrimas que saem do controle, gritos dando nós na garganta. Não poder te ver dormir, nunca sentir o cheiro do perfume, carência dos carinhos nunca tidos, brincadeiras intimas á distancia. Sabe o que é querer alguém que nunca viu? Sabe o que é amar sem ter certeza de nada?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário