segunda-feira, 30 de julho de 2012

Assim.

Eu não sabia contar muito bem as horas, aquele meu velho relógio de bolso não funcionava muito bem mais. No peito uma saudade absurda do que ainda estava por vir, nos bolsos algumas chaves, algum dinheiro amassado e um pedaço de papel. Retirei aquele pedaço de papel do bolso e nele estava escrito: “ Volta logo meu amor, parece que não te vejo há vidas!” Abri um sorriso saudoso, me lembrei daquele sorriso dela, me lembrei de como me olha por um longo espaço de tempo, assim, sem dizer nada. Me lembrei de todos os detalhes dela, todos aqueles que eu consegui observar. Virei o outro lado do papel, nele um poema com a minha letra um pouco borrada, um pouco deformada por conta do papel amassado, dizia: Eu te escrevo uma canção, mas desta vez não canto; Eu escrevo uma bela canção, só pra você cantar; No tom exato; Escrevo uma canção com muitos versos, só pra demorar pra acabar; Só pra te ouvir cantar, outra e outra vez; Eu escrevo uma canção pra ti, mas desta vez não vou cantar. Eu até arrisco te acompanhar naquele meu velho violão; Aquele que eu não sei tocar; Arrisco só pra te ouvir, só pra te olhar; Me sento aqui de frente e te olho nos olhos; Arrisco, si, sol, ré, lá; As vezes perco o tempo, de tão bobo; Bobo, sentado a te olhar. Abri um sorriso fresco, e senti aquele estranho brilho que sempre brota dos meus olhos quando falo ou penso em você, me lembrei de todas aquelas coisas que se fazem paixão, me lembrei que de repente você me remetia a todas elas, sorri de novo despercebido. Me lembrei que o poema no bolso era só pra me lembrar de escrever uma canção pra ti. Uma canção pra você cantar.

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