terça-feira, 21 de agosto de 2012
O poeta.
Era inverno, eu me lembro. O sorriso dela iluminava a sala, sua voz ecoava pelos quatro cantos. E eu num canto, coração na mão, algumas lágrimas de rosas no olhar. Parecia orvalho, mas era o reflexo dos olhos brilhando, brilhando ao te olhar.
Eu era intenso, era poeta, mulher. Sempre tinha mil e um dizeres. Os mais doces eram seus, e os outros não menos doces também.
Ser uma mulher na vida do poeta certamente é dia de sol, ser uma mulher na vida do poeta é ser hoje poesia. Porém, ser a mulher da vida do poeta significa ser inspiração, significa ser sempre poesia.
Todo poeta é boêmio, mulher. Mas se consegue sentir por alguém amor! Ah! Se torna o poeta homem de uma só mulher. De profundo entendedor de todo sentimento se torna mortal, frágil, como qualquer amante, sempre tão amável, porem amador, principiante.
Todo poeta carrega em si a certeza de que a poesia é o mais belo dos encantos. Mas ali, no canto eu ainda a olhava, não precisava ser escrita, ela era poesia, daquelas que eu seria incapaz de escrever, nem num ápice de inspiração. Ela era a poesia que nenhum poeta teve competência para escrever.
Peguei meu chapéu branco de fita preta, ajeitei o terno, amarrei os sapatos, me voltei pra ela com mil e um dizeres premeditados sobre o amor. Me calei, não fui capaz de dizer palavra alguma.
Peguei tremulo um pedaço de papel, segurei a pena, não me veio nada a cabeça, senti pena de mim mesmo: -Pobre cristão apaixonado! poeta falho!
Quem te escreveu, mulher? Me diga? Quem te escreveu?
Quem te escreveu foram todas as estrelas, inspiradas em alguma coisa que somente o universo é capaz de compreender!
Me vieram a cabeça poetas mais competentes que eu, tentei citar alguns deles, não consegui. Não consegui ser o poeta contigo, nas minhas palavras corriqueiras, no meu caminhar.
Mas, mais tarde quando a euforia passar, certamente escreverei algo sobre ti! É que és a mulher do poeta, e mesmo que eu acabe por me atordoar, quando a noite chegar serás poesia, e eu voltarei a ser o poeta.
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