(Re)encontros

Eu caminhei até a porta e a olhei nos olhos, eu já não tinha mais medos, eu era novo outra vez. Eu a olhei nos olhos e vi todos os meus sonhos estampados em cada cor que os olhos dela refletiam. Aprendi a lê-los, entende-los, descrevê-los. Os olhos dela eram da cor de sua alma, eles transmutavam, eram dois camaleões, dois espelhos que ousadamente ela chamava de olhos. Eu apenas observava.

O meu mundo só existia ali, dentro dos olhos dela. Era onde todos os meus sonhos eram reais, era onde eu planejava morar por toda a eternidade.

Olhe só meu amor, minha alma rajada de sol! Você já me viu assim antes, mesmo que não se lembre, já me viu em outras estradas, cheio desta luz estranha que me cerca toda vez que te encontro. E eu sempre te encontro, mesmo que a viagem às vezes nos trace caminhos distantes, mesmo que tenhamos que arcar cada um com nossos pesos. No fim da linha nosso presente é o encontro, em todas as vezes que somos dignos de recompensa ganhamos o reencontro, esta fusão de almas, essa junção de energias que se completam, se difundem e se propagam.

Olhe só, eu não tenho certeza de qual o caminho, mas sei que enquanto eu respirar vou continuar aqui do teu lado. Mas se depois disso nos desencontrarmos, se outra vez a missão for distante e a viagem for longa, espere por mim. Eu sempre estarei te esperando, sentado no porto, com sorriso em lábios, com o mesmo sorriso de moleque que se deslumbra sempre com o teu afago, com a tua forma de sorrir, com a tua forma de me olhar.

E mesmo que seja novo de novo, e mesmo que ainda sejam necessárias apresentações e redescobrimentos, ainda serei eu mesmo, ainda será doce o sorriso que trarei, ainda será intrigante a forma que me leva a você, ainda nos completaremos, ainda seremos eu e você, “sempre e pra sempre.”

Segure a minha mão, hoje eu sou só um poeta falho, mas ainda sou seu, sou o mesmo de muitas outras existências e estive te esperando durante uma longa viagem. Não me lembro se sempre fui poeta, mas me lembro que sempre fui seu e isso me basta.