Lidei com alguns pensamentos só meus. Eu era aquele menino
de sempre, de olhos escuros e coração tranqüilo, o vendaval havia passado, a
dor também. E eu sabia.
Me entreguei outra vez aos livros, a aquelas músicas em
altura ambiente. Não existia mais aquele barulho todo dentro de mim querendo
invadir o lado de fora. Eu voltei a olhar pra aquelas moças que passam, aquelas
que passam me convidando a ir também.
Eu ainda sou tão jovem, meu amigo. Eu ainda amo tanto essa
liberdade, essa que me possibilita de mudar tudo caso eu queira, colorir, me
prender e me soltar a hora que eu quiser.
Eu voltei a ver brilho em outros olhos, outros olhos
voltaram a ver brilho nos meus, eu ainda me sinto bem quando eu consigo ser
leve, sorrir com brilho na alma. Eu não
tenho nada que me prenda, a não ser essa vontade enorme de ir além.
Você nunca enxergou que o que me amedronta é somente o que
me prende? O que me atormenta é o que quer me levar pra sempre. Mas o que quer
só ir ali e mudar de opinião caso queira me instiga. Sorria comigo, eu sou só
um menino ainda, e tem tanta vida pela frente, tanta vida!
Hoje eu andei por aí, ouvindo algumas canções e pensando no
quanto me fazia bem andar de vidro aberto, sentindo o vento no rosto, pensando
o quanto me fazia leve andar sem destino, ir logo ali e voltar horas depois,
sem destino, sem parada.
Pensei em quantos alis eu ainda quero conhecer, ali em
diante, ali do outro lado do mundo, só pra olhar a paisagem e voltar. Só ir, me
deixar levar.
Tire as unhas no meu peito, tire esses olhos do meu samba. Porque nem sempre esse é o meu ritmo, nem sempre
essa é a minha cor, nem sempre esse é o meu lema.
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