"Agora eu era herói”,
o destemido poeta que ousava amar ainda mais, só porque era verdade.
Eu era herói porque
era verdade, porque toda a ilusão teve fim. Era maio, amanhã era
junho e fazia frio do lado de fora. Ali dentro algum sentimento maior
que os outros inspirava os sol's das praias do sul. Um vento frio no
começo da noite, um abraço quente no começo de qualquer dia.
Ela não tinha só os
olhos claros, ela tinha os dias claros. Era diferente de todas as
outras mulheres e por isso me fazia parar o tempo. Não era um sonho
breve, e eu sabia.
O poeta deixara de
escrever para viver os dias, vinha vivendo os dias. Um após o outro
e por isso abandonara a pena, as tintas e os papeis.
Me desculpe o
desajeito, caro leitor. Eu andei me preocupando com o mundo real, com
aquela que realmente merece as minhas linhas.
Andei fim de tarde com
ela nos braços, com ela do lado. A deixei me levar pra casa, sentado
no carona, confiando a ela os meus destinos.
Guardei pra ela os
sonhos mais bonitos, dormi em paz. Acordei sonhando aqueles sonhos
que ela fez pra mim.
Não me venha falar
sobre o poeta triste que habitou essas páginas. Aquele que já é
morto. Que já se foi.
Qualquer coisa que eu
tenha dito, qualquer coisa que eu tenha sentido, já não existe
mais.
Ela veio e me encontrou
assim, em branco. Ela veio e me fez assim, novo.
“Agora eu era herói”
e ela era a minha meta, o meu calor. O corpo que eu quero encontrar
do outro lado da cama, o sentido para todos os meus planos.
Ela era o que me dava
impulso, vida. Luz.
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