segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Aquele do sorriso maldito.

Antes tivesse tomado o último gole do fél, mas a docilidade dos seus ditos não poderiam se desfazer, e então chorou.
Não era março, não havia mar, apenas o mormaço de uma tarde de primavera, no sudeste do país. Tarde cinzenta depois do dia quente sempre é sinal de tempestade. Se fez tempestade também nos seus olhos tão decepcionados. Decepção é neste dia a palavra certa frente a tantos dilemas, a tantas coisas que jamais imaginou ter que resolver.
Não fazia sentido sorrir para o espelho, só para provar a si mesmo que era o mesmo. Ele não era, e sabia disso.
Permaneceu despenteado aquela manhã, não fazia ideia que aquilo deveria ser uma das coisas que ela não gostava, o seu jeito descuidado de ser menino, o seu desajeito proposital. Talvez tivesse mudado por ela, mas aí ele não seria mais ele e no fim das contas tudo também se perderia.
A sua mania de devagar dizer o que pensa também era plano falho, por ser sincero demais se tornou o inimigo, por não deixá-lá de lado, tornou-se incômodo, por medo de perder se tornou solitário, mais uma vez.
Talvez não seja pra ele o amor, nem o dela, nem o de qualquer uma dessas belas moças que por ele se encantam e depois partem. Que depois o deixam partido.
Talvez seja pra ele somente o batom na camisa, os arranhões no corpo, a ardência desses temores noturnos que elas provocam e que ele as deixa provocar. E se é essa a sua sina ele guarda outra vez o coração no bolso e segue em frente, jurando não procurar mais pelo amor, jurando não se privar de mais nada em busca dele.
E quando parar de doer? Quando parar de doer ele esquece, esquece como sempre esqueceu do quanto dói.

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