terça-feira, 4 de julho de 2017

Reaprender.

E quantos amores eternos terão acabado, antes mesmo de eu terminar de escrever este texto?
E quantos não ditos serão eternos? E quantos amores verdadeiros não serão jamais revelados? Quantos passos não dados?
Não adianta culpar as palavras, meu amigo. Se nos longos dizeres de outra noite fria o poeta se cansou, tropeçou nas próprias palavras e foi dormir, assim, meio sem jeito, sem ter o que escrever. Não era falta do que sentir, ele sentia, era só falta de escrever mesmo, a nova falta daquilo que antes era quase que vital, visceral, necessário.
Outra vez entrei desajeitado no quarto, no meio da noite, cambaleante e tropecei no meu próprio coração. Não que não houvesse algum amor nele. É que ele andava engasgado almejando escrever. Eu só não conseguia mais.
Quem sabe fosse a calmaria, as tardes de inverno, a necessidade do cobertor. Mas eu sempre escrevia mais quanto era frio, precisava aquecer o lado de dentro, entende? Mas não! A parte de dentro desta vez não estava fria. Acho que encontrei o meu motivo! Quem sabe até eu mesmo acredite nele.
Andei tendo pesadelos tolos, cidades suspensas, coisas confusas. Talvez eu quisesse acreditar nessas coisas e por isso meu subconsciente me levasse a ter sonhos tão estranhos. Eu era um teórico vago e um vivente desajeitado. Na verdade não me achava bom em nada.
Certa feita acreditei que precisava estar triste ou em algum outro extremo para conseguir escrever, até que percebi que dentro de mim havia um "eu" que  conseguia sentir o que eu quisesse, caso tivesse a pena em mãos. Era como se eu fosse o dono dos meu sentimentos e palavras, atos a e pensamentos. E eu era.
Hoje eu sou só aquele menino, que talvez jamais cresça, mas há uma coisa boa em tudo isso. Eu sou mais verdadeiro, mais humano e passo a me conhecer a cada dia mais. Não que isso não seja doloroso, mas talvez seja necessário, honroso, bonito.
E se nunca mais for inverno do lado de dentro? Eu vou ser outro desses meninos. Maresia e olhos de ressaca, desajeito e passos trôpegos.
E se nunca mais for inverno?
Talvez se nunca mais for inverno eu me acostume a acordar cedo e ver o sol nascer, talvez eu passe a achar bonito, assim como todas essas pessoas acham, quem sabe realmente o menino triste esteja morto. E se for assim, talvez eu tenha que reaprender a escrever coisas bonitas. É, quem sabe eu tenha que reaprender.

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