Me dê a mão, nós precisamos conversar.
Mas antes veja essa noite que eu preparei para ti, pendurei as estrelas no céu e convidei a lua para nos testemunhar. Então caminhe comigo.
Pode segurar com força, eu te levo! Ainda ontem eu passei por aqui, a noite não estava pronta para te receber. Eu caminhei só, mãos nos bolsos, olhar distante. Eu chorei durante todo o caminho. Choro silencioso, porém com uma dor capaz de fazer pesar o peito.
Hoje te recebo com um sorriso e passos firmes. Te falo sobre estrelas e constelações, desembrulho minhas teorias vagas sobre coisa nenhuma. Te falo da vida.
Aos poucos vou colocando as mãos nos bolsos do paletó e retiro o coração, junto dele alguns poemas rabiscados e um pequeno frasco de veneno. Que tem me mantido vivo.
Um pouco trêmulo te entrego o que eu ainda tenho de mim. Sorriso de menino, coisas que eu ainda teimo em guardar.
Não sabes que eu tenho caçado teu olhar por toda parte? Cada sorriso que se dirige a mim eu comparo com o teu. Os olhares repentinos que me atravessam, no meio de um dia qualquer.
Eu queria te contar que ontem eu criei coragem e fiz de mim terreno fértil da minha sorte, arrisquei tudo num perder ou ganhar. Disse tudo o que me travava a garganta. Mas faltou dizer para você que, você ainda é toda dor e beleza que ocupa minhas linhas. Essas rabiscadas que eu tiro do bolso e te entrego. Junto do coração.
Olhe só que noite bonita eu preparei para ti, não vesti meu melhor sorriso atoa! Ele vem desajeitado, como daquela noite que nos conhecemos, mas junto dele algo novo. Essa lágrima que insiste em me atravessar o rosto e molhar o papel. Por isso, não se importe com os poemas borrados.
Olhe para mim, segure forte a minha mão. Não vês que noite bonita eu preparei para ti hoje?
Vamos conversar.
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