terça-feira, 20 de maio de 2025

Hoje.

 Talvez você abrace um novo amor. Tarde de domingo nublado, no rádio alguma música profunda que fala sobre um amor para a vida toda. Talvez você abrace um novo amor. E eu não estarei lá.

Talvez me abrace um novo amor, noite de sexta-feira, álcool e luzes coloridas. Eu e meus trajes de menino. Talvez eu abrace um novo amor.

Talvez eu abrace pelas coxas, como elas sempre fazem. Me abracem querendo que eu fique para o café. Talvez eu não queira ficar.

Hoje eu acordei cansado e talvez nem queira que eu abrace um novo amor. Então, talvez você abrace um novo amor. Da forma que você quiser.

Te deixo ir para que tenha leveza ao andar, mas escrevo compulsivamente, no impulso de ficar.

Abracei minha sorte e pulei do parapeito. Abri os braços como quem tem pressa ao abraçar. Eu não te vejo tem tanto tempo. 

Sorri desajeitado (como sempre) e me aquietei no canto da sala. Elas passaram, sorrisos, seios, coxas. Olhares misteriosos, olhos nos meus olhos. Mas eu não queria estar. Eu não te beijo, tem tanto tempo.

Sexta-feira. Dia qualquer.

Quis voltar a ser o menino vulgar. Sorriso tímido sentado no bar. Trocar olhares sutis. Era o que bastava. Mas hoje, só hoje eu sou incapaz de olhar. Eu não te tenho, faz tanto tempo.

O menino do sorriso maldito onde está?

Talvez você abrace um novo amor. Talvez mais tarde o menino também volte a amar.


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