Acordou pela manhã olhando para frente, sem deixar de relembrar. Eram dele todos aqueles amores, que nunca deixarão de ser amores. Enquanto o seu coração pulsar.
Não seria ele aquele menino sem nenhuma delas. Seus afetos eram parte de tudo o que ele se tornou. Não seria ele sem algumas dessas histórias.
Se pegou de manhã, camiseta velha, calça de moletom. Despenteado, o retrato de todo desajeito.
Ainda bêbado de sono se levantou e deu para ela, aquela que o abrigava, o primeiro sorriso da manhã. Estava leve e pronto para o dia.
Se lembrou do que o encantara. Bustos, coxas e jeito de mulher.
Algumas vezes tão meninas, outras tão sábias das coisas. Ele sabia que cada uma era única. Mas ele era o único entendedor de si mesmo.
Lavou o rosto e entendeu que era pronto para o amor. Que se apaixonaria ainda alguns zilhões de vezes para manter no peito o coração de poeta.
Se lembrou dos olhos que o cruzam no meio do dia banal. Respirou fundo e foi viver o dia.
Tão possíveis os amores do dia a dia, um olhar sagaz na fila do mercado. Um olhar tímido cruzando a rua. Ele era capaz de amar cada uma delas. Nem todas elas eram capazes de suportar as nuances do coração do poeta.
Ao fim do dia escovou os dentes e outra vez olhou no espelho, olhos de cansaço e o mesmo sorriso de quem sabe que o amor é tempestade, o amor é chuva branda. O amor é dia de sol. O amor é o que quiser ser. E era ele, o menino "escrevedor" feito para o amor.
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