sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O calabouço.


Sim! O tempo anda passando de forma estranha e isso me trás paz, sei lá porque mas trás. Hoje eu vi a chuva a tarde inteira, com certo desdem, enfim, não me atinge mais ter que conviver com o quarto fechado, a tela da TV, o café quente, o computador horas a fio.
Eu falo com pessoas que me acalmam, eu conheço pessoas todos os dias. Elas surgem nas ruas, nas tela do computador, na minha imaginação.
Eu sai de um mundo irreal, vim habitar um mundo sub real, e no fim das contas nunca consigo me ver além disso, talvez eu ainda prefira estar regendo as coisas.
Onde está aquele ar de paixonite aguda que me levou por anos? Onde estão todos os meus planos pra uma vida perfeita? Onde estão todas as coisas que eu planejei?
Enfim, a chuva levou!
Amanhã, quem sabe sem essa febre que fica dias, eu possa dar uma volta na chuva e fazer com que ela lave também minha alma, leve o que de pesado ainda existe, talvez eu possa misturar lágrimas com a chuva e fazer com que eu seja compreendida. Mas eu ainda tenho aquele certo defeito, o de não saber chorar em público, o de erguer o peito por maior que seja a dor e ir pra casa, chorar em um canto, fechar a porta do quarto, me esconder do mundo inteiro.
Aqui, do meu canto, entre meus livros em ordem de volume, minhas roupas em ordem de ocasião, meus tênis separados em caixas, eu me reconheço, metódica, compulsiva, com sangue quente e mil manias.
Eu me vejo humana, falha, embora teórica, pequena, vulnerável. Eu construo muros de proteção, manias que aliviem o tempo, tempo este que poderia estar me fazendo pensar nas coisas, enfim, eu me ocupo e não penso. Porque, depois da organização das coisas vem um capitulo daquele livro que eu ainda não terminei, um episódio da série que eu tenho que terminar de ver, o filme que me espera a dias, o amigo que precisa de um apoio, o trabalho que está interminado.
Ocupando meu tempo, enganando meu corpo, iludindo meu próprio coração. Na última cela do calabouço, no último andar do castelo, do céu ao inferno meus dias parecem passar rápido, e eu pareço me sentir confortada por isso.

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