sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Déjà vu.


Eu tinha nos bolsos os últimos dois cigarros, caminhei pela sala, me encostei em um sofá, estilo rustico preto e finalmente me sentei, nunca havia estado ali antes, não havia me preparado, era um lugar bonito, clássico com um certo ar de imponência. Os móveis eram do principio do século passado, tive uma espécie de déjà vu, aquilo sim me assustou.
Embora soubesse ser minha primeira vez lá algo me parecia familiar, e enquanto analisava todos os detalhes ouvi passos em direção a sala.
Sem mais rodeios a moça que eu esperava adentrou, como se dona do lugar fosse, como se fosse dona de todo o universo naquele instante, como se eu a pertencesse. Enfim, certas pessoas tem esse poder de ter tudo o que os cerca.
Fui tirando a mão do bolso, me levantando prontamente, suava frio, peguei em sua mão e sussurrei um: Boa tarde! Ela apenas sorriu, pegou minha mão e fez gestos pra que eu sentasse.
O amor meu amigo é um intruso, um penetra, nem sempre é convidado e geralmente entra onde bem entende, usa olhares inofensivos como armas mortais.
Eu uso de uma história como plano de fundo pra descrever certas coisas, e certamente poucos vão entender as minhas comparações, mas enfim, cada um ama a sua maneira, cada um sabe exatamente como sabe amar.
Hoje, depois que deixei que aquela sala adentrasse as paisagens conhecidas pelo meu cérebro comecei a refletir, paisagem nova é paisagem nova, amor novo é tensão, medo, angustia, mãos que soam, corpos que se precisam, tudo isso sendo sentido da forma mais deliciosamente atormentadora que existe. O amor é bom caro amigo, mesmo que nos tire o sossego.
Enfim, eu voltei a aquele lugar, mas não porque tinha outros compromissos a serem cumpridos, e sim porque os belos olhos da moça que adentrou a sala me convidaram, e até hoje vou até lá, sempre que eles me convidam. Eles sempre me convidam.

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