Faço do tempo um amigo, um grande amigo e meço quantos milímetros me separam do sono que insiste em ficar, é tanto sono, tanto frio, tanta vontade de ficar entre os lençóis, é um dia longo de trabalho seguido por sono, sono e sono.
Minha cara de sono se torou algo habitual, normal, é como se eu estivesse sempre acordando ou dormindo, mas enfim, aprendi a falar baixo e a estar sempre aberta a ouvir as pessoas, falo pouco, mas observo, observo o vai e vem de vidas. Ando um pouquinho sensível, mas sou forte, mais que seus olhos podem ver!
E quem me vê assim, distante, acha que eu não tenho forças para erguer a voz e lutar pelo que é meu, mas no fundo eu só aprendi esperar pela hora certa, a me conter na força e me exaltar no que sinto, hoje eu assumo o que vem de dentro e abstraio o que vem de fora. Pode ser que mais uma vez eu esteja agindo errado, pode ser que pela primeira vez na vida em venha agindo certo.
Garçom! Traga mais uma cerveja e me vê um maço de cigarros, é que eles estão falando de vida e eu quero escutar, quero ficar mais um pouco ao lado deles, estava com saudade dos meus amigos.
Mas hoje eu não vim pra falar, vim pra escutar.
“E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar .”
Quando o Carnaval chegar - Chico Buarque
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