terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Calado.


Estava um pouco desnorteado, trocava de cômodos pela casa como quem procura um lugar seguro, fazia frio, muito frio. Fazia frio do lado de dentro amigo! Daí comecei a me lembrar que quem causou tudo isso foi eu, foi eu todas as vezes que fechei as portas, fui eu por ter por diversas vezes trancado todas as portas.
Estava triste, não estava nervoso, não estava ofensivo, estava simplesmente triste, calado.
Comecei a olhar pra trás, mas estava cansado de olhar pra trás, mas por incrível que pareça não via nada a frente, não era pela estrondosa solidão amigo, não era por nada que eu pudesse notar naquele instante, eu simplesmente não via nada a frente, como se não existissem motivos para ver, eu estava vazio, vazio de fazer eco por toda a alma!
Tinha nos olhos aquele ar de sono, aquele de quem acabou de acordar, tinha isso o dia todo pela enorme falta de vontade de me levantar todos os dias para a vida.
Me lembrei que sempre fui um pouco assim, mas que por diversas vezes na vida tive meus motivos para querer bem mais. Fui feliz, amei, sorri, tive um brilho irretratável nos olhos.
O sorriso é esse mesmo amigo, é uma barreira, sempre foi. Mesmo que haja uma alma latejando o sorriso está ali, como uma arma que as vezes me defende quando eu já estou gravemente ferido, as vezes é sincero, as vezes só me protege de mim mesmo.
O sorriso atrai algumas mulheres, daquelas que eu sempre atrai, aquelas que eu acabo fazendo serem de uma só noite. O sorriso é uma arma que as vezes me protege e as vezes me machuca, me machuca pelo vazio enorme após o saciamento do corpo. Mas eu sou só um menino que as vezes se convence de que não precisa de ninguém e as vezes se mostra inteiramente carente, fraco, cheio de desejos que não consegue conter.
Trancafiado na última cela o dilaceramento é final certo, o ultimato é do próprio coração que as vezes não é ouvido.
Eu olho para os lados e sorrio, as vezes para me defender, as vezes para me machucar.
Mas nos fins de noite a dor é tão certa meu amigo: "- encosta cá a cabeça no meu peito, mas chega de mansim se não esse moço assusta. Ele diz alguma coisa? Diz? É que tem dias que ele fica tão calado!"

E foi assim que escrevi por toda a casa, de cômodo em comodo sem conseguir me “assossegar”.

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