domingo, 22 de janeiro de 2012

Mulher.


Eu estava sentado em um canto do bar um pouco pensativo, olhava a todos de longe como se aquilo fosse um universo paralelo. Estava cercado por pessoas maravilhosas, me sentia confortável, seguro. Mas mesmo assim pensativo quando ela entrou.
Não é que eu estivesse prestando atenção, é que ela realmente chama atenção. Em um vestido vermelho deixando suas curvas a mostra, cabelos longos, atrativa, convidativa, linda!
Mas enfim, voltei para os meus pensamentos, aquela mulher jamais olharia pra mim naquela situação, sem brilho algum, confuso, nenhum pouco seguro de mim. Sempre fui seguro de mim, e eu acho que sempre foi uma das minhas maiores qualidades.
Voltei a beber, voltei a observar o local em um todo. Tirei meus olhos de cima dela. Vez ou outra eu observava o jeito que ela se comportava, o modo de falar com os amigos, o jeito como mexia com os cabelos, conversava, bebia, enfim, mas a partir daquele momento ela era parte do todo que eu observava. Até que por fim a perdi de vista.
Me levantei e fui até o balcão: -Uma cerveja por favor!
Foi quando olhei para o lado no balcão e vi uma mão feminina, com unhas feitas e me virei para ver quem estava ali do meu lado, ela sorriu assim que a olhei, eu sorri de volta, peguei minha cerveja e voltei para o meu lugar.
Assim que me sentei vi aquela mulher se aproximando.
-Atrapalho?
-Eu apenas sorri e disse: -Claro que não!
-Está tão quietinho ai! Está tudo bem?
-Sim, está tudo bem. Só estou um pouco pensativo. Respondi sem entender muito o que estava acontecendo.
-Senti vontade de falar com você, sabia?
-Por que? ( deixei de sorrir e passei a rir da situação)
-Não sei, você parece ser interessante! ( ela sorriu como quem não estava entendo muito bem)
Houve um silêncio, olhei pra ela, ela olhava fixamente para mim, segurado a cerveja sem palavras. Eu estava visivelmente atraído por aquela mulher e mais, parecia que não era só eu quem estava se sentindo atraído.
Eu estava sentando em uma cadeira alta, ela colocou as mãos nos meus joelhos e sorriu.
-Eu não consigo! Disse ela.
-Não consegue o que?
-Me conter, eu sei que você está quieto na sua, e nem deve ter vindo aqui em busca disso.
-É, e eu não vim em busca disso. Sorrimos.
-Mas...
Mas as palavras não chegaram ao final. Ela tinha cheiro de mulher, daquelas que não te deixam o não como opção, era irresistível a vontade de sentir o corpo dela colado, era impossível dizer não. Tinha um beijo suave a marcante ao mesmo tempo, gostoso, ardente, daqueles que se encaixam perfeitamente, assim como minhas mãos se adequavam perfeitamente ao corpo dela.
Foi uma longa noite, deliciosa eu diria. Mas ela estava condenada a ser uma mulher que eu nunca mais veria, acho que nunca mais verei.
E eu estava condenado a voltar para o corredor de pensamentos, porque ainda existiam muitas coisas para colocar em seus devidos lugares, mas como eu ando dizendo. Eu estou completamente fechado para o mundo, mas sempre é permitido arrombar portas nesse caso. E naquele dia ela arrombou portas.

É que é intrigante desvendar certos segredos de uma mulher, tocar o inabitável com as pontas dos dedos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário