quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Doce.


Eu sonhei que era Caio e Caio era eu. Na verdade não havíamos trocado, é que vez ou outra eu me via nele e ele se via em mim. Tocamos nossas mãos numa tentativa de entender, ele sabia que o sonho era meu, eu entendia certas coisas que ele queria dizer.
E me passavam pela cabeça pensamentos como : “Preciso receber boas vibrações. Andei caindo do cavalo outra vez. “ e “E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade.”
Mas eu dizia pra mim, não pra esse meu amigo tão presente, e então nos separamos num sopro confuso daquela noite estranha.
Tenho cá pra mim que as coisas sempre fazem algum sentido e me coloquei a pensar.
É que aquelas noites tão agitadas não tem feito mais sentido e então me veio a cabeça aquele semblante cansado do meu amigo, eu também estava cansado de andar pelas noites contemplando amores de uma noite, eles eram descartáveis. Não que eu fosse de viver amores descativeis, é que aquilo havia me cansado, toda a minha boemia e meus dias de ilusão.
E comecei a pensar naquela menina que habitava as noites em que deixei de sair por aí, eu sabia, eu sabia, sabia que mesmo que se não fizesse sentido nenhum (e eu duvido que não faça, porque sempre faz). Foi desta forma que eu aprendi a querer coisas diferentes.
E me veio a cabeça novamente Caio: “ Sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. “
Eu tinha mudado tanto. Como pode ser?
-Quanto tempo eu estive caminhando Caio?
-Por anos!
-E quantos caminhos estiveram ao meu dispor?
-Muitos, você chegou a procurar na insensatez o caminho certo, não que existisse um caminho certo. Mas vejo que você se cansou.
-Que horas são meu amigo?
-Não sei, não sei. Mas é hora de sossegar o coração. Aprende menina, não é hora de brincar de ciranda outra vez!
-Ciranda?
-Ciranda, roda, ilusão. Todos aqueles amores de uma noite. Telefonemas que nunca aconteceram, e noites que acabaram por ai, sem destino algum.
-Onde foi que eu me perdi caro amigo?
-Nos sonhos, nos sonhos.

E quando eu despertei lágrimas correram meu rosto, eu já não era mais eu, nem Caio. Mas havia aprendido a ser doce. Doce.

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