quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Fim de tarde.


Era fim de tarde, eu tinha um sorriso qualquer, pensava em como conseguia me manter naquela corda bamba e me mantinha, de cabeça erguida e olhar fixo para a plateia.
Eu não era um anjo, eu não era sequer diferente dos outros meninos, tinha no fundo dos olhos uma porta pra alma, uma porta às vezes fechada. Nem sempre era tão bom mas isso não fazia de mim um menino mau.
Andei sem destino por horas, me sentei naquele lugar de sempre, sozinho. Em uma mão um cigarro, no outro uma garrafa de vodca, vez ou outra tomava alguns goles, assim, no bico da garrafa, estava quieto, mas enfim, não estava sequer diferente do que sempre fui. No rádio tocava uma canção, esta canção falava sobre dias felizes, sorri ironicamente, não que eu não estivesse feliz, mas aquela canção me lembrava de felicidade por outros motivos. Eu já tinha entendido um dia o sentido de todos os seus versos e hoje achava tudo aquilo tão vago.
Não me entenda mal amigo, eu não sou do tipo que se cala só quando não está bem, na verdade vez ou outra eu me calo, sou reflexivo quase sempre, sou um menino centrado vez ou outra e me meto a fazer loucuras nos intervalos.
Traguei daquele cigarro, tinha gosto de tranquilidade, me senti acompanhado por todas aquelas coisas que me trouxeram até aqui, meu coração batia calmo no peito, sem grandes esperanças porém calmo, quente.
Me lembrei que vez ou outra sou menino tolo, me lembrei que na maioria do tempo sou menino tolo, mas enfim, aquele que nunca foi menino tolo não conhece a desventura que é carregar no peito um coração.
Joguei o cigarro fora, coloquei a garrafa no chão e trancei os dedos, trancei os dedos procurando alguma sustentação, encontrei sustentação em mim mesmo, sou eu o menino grande, o mesmo que é o menino tolo em questão.
Fechei o zíper do moletom, fazia frio do lado de fora, só do lado de fora porque era quente aquele coração.

O menino deu férias para o coração, mas ele continua quente. Não é porque ele tem medo que o coração se tornou completamente frio, não é bem assim meu amigo. Entenda, às vezes é necessário proteger esse malandro brincalhão.

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