quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mais um pouco.




Diz que é só um pouco, diz que por mais alguns segundos você fica aqui e vê o sol nascer outra vez do meu lado. Se sente aqui, estou tão só.
Diz que é desnecessário dizer adeus, pegue suas roupas e vá antes mesmo que eu acorde, diga que sim com um sorriso sincero nos lábios, me beije os lábios, me leve pra sua casa.
Ouça o samba que toca no rádio mal sintonizado, cheio de chiados de uma outra estação, finge que é inverno outra vez e me abrace, me abrace com esse sorriso de verão.
Segure as mangas da blusa quando o frio bater, segure e me segure também, me abrace com frio que eu sou o seu calor. Coloque suas mãos em volta dos meus ombros com vontade de ficar, mesmo que você se vá. Mesmo assim.
Brinque com o desajeito do meu tênis all star, diga que sou antiquado quando eu te mandar flores no meio da tarde, me ligue e diga que foi super brega mas que você amou ser lembrada. Ouça a canção velha que eu toco no meu violão com cordas de nylon e minha voz desafinada, bagunce meu cabelo bagunçado, desamure meu armário organizado, ria da minha mania de organização. Dirija meu carro como uma doida e zombe de mim quando eu lhe chamar a atenção. Invada o meu trabalho no meio da tarde e tire minha concentração.
Diga que odeia quando eu sou implicante, mas diga que ama quando eu esqueço minha blusa na sua casa, quando eu deixo algo de mim. Mas a verdade é que eu sempre deixo algo além, na verdade eu sempre deixo meu coração.
Venha de mansinho, venha com aquele sorriso que adoro, me roube um beijo enquanto eu leio o jornal, enquanto eu pareço um velho tomando meu café e lendo. Apague meu cigarro e se sente no meu colo, diga bom dia e em seguida diga que me quer.
Me ligue pra reclamar que eu me atrasei, me ligue para agradecer a rosa que deixei do seu lado na cama quando sai correndo de manhã, atrasado, sempre atrasado. Mas, por qualquer motivo não se esqueça, me ligue.
Diga que eu sou o cara errado, certinho de mais, bobo de mais. Me diga que eu sou o cara certo que te quer de mais, que ama de mais. Mas diga que eu sou o que esperava. Espere, eu não deixaria de esperar por você.
Critique aqueles meus discos de vinil que eram do meu pai e que hoje são meus, diga que isso não existe mais, que colocar meu toca discos na nossa sala seria antigo de mais. Se conforme com a ideia de que eu não sou lá muito normal.
Ignore minha mania de colocar os livros em ordem na prateleira, os bagunce sem querer, reclame quando eu simplesmente for lá e organizar de novo, mas leve na brincadeira. E sorria quando eu soltar um sorriso de moleque travesso, de moleque malandro.
Hoje eu só quero que fique mais um pouco, que compartilhe dos sorrisos, dos beijos, do cigarro e do café.

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