domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sangue.


Andei um pouco cabisbaixo, estava um pouco confuso, transtornado eu diria, eu que sempre tenho pensamentos em ordem estava transtornado, um pouco ofegante. Fazia frio, sim! A chuva tinha deixado aquela noite de verão fria, eu sorri uma saudade, chorei um amor e continuei a andar.
Achei uma rosa a beira do caminho, a paguei e segui andando, olhando pra ela em minhas mãos que apertavam seus espinhos na esperança de que aquela dor superasse a do peito, o sangue que escorria entre meus dedos e na palma da minha mão, quente, vivo, dizia que ainda havia algum calor dentro de mim.
Mas eu continuava carregando no peito um coração que sangrava, quem sabe mais que as mãos. Ouvia de longe algumas pessoas que conversavam animadas, estava um pouco distante mas sabia que não estava completamente só naquele lugar, andei por mais alguns minutos, queria estar completamente sozinho.
Joguei a rosa fora e continuei seguindo aquele caminho, nas mãos o sangue vindo de uma dor completamente insignificante, nos olhos brilho nenhum, nos passos nenhum destino a não ser o completo silêncio.
Meu corpo tremia como se a temperatura fosse inferior a real, faziam uns 18 graus, pra mim fazia menos dezoito, era como se não existisse calor algum capaz de desfazer aquele ar gelado.
Me sentei e vi todas aquelas luzes de longe, o celular tocou, tocou, tocou, tocou. Não atendi, não sentia vontade de saber quem era, não sentia vontade de saber nem quem eu era.
Eu era errante, incompleto, porém quente, sabia que era quente, era intenso, muito diferente do que sempre fui, estive mudando mil e uma concepções e formas de encarar o mundo.
Foi aí que percebi: “- Antes o menino não sangrava e todos viam, hoje o menino sangra mas ninguém consegue ver, ele sempre se esconde quando isso acontece, ele sempre volta com o mesmo sorriso maldito nos lábios.”
Se antes o menino era inofensivo, hoje já não é mais. Mas não o julgue por isso, ele é como um animal que se machuca e fica arisco.



“ Se você olhar pra mim, enxergue o meu melhor pois sou errante, inocente de nascer com medo.”

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