segunda-feira, 2 de abril de 2012

Assim.


Apenas sorri um pouco ansioso, caminhei pela noite um pouco receoso, estava cansado, cansado de uma vida sem porto, sem parada, sem chegada. Todo dia é partida, deve ser por isso que ando partido, ando partido, ando partindo em mil pedaços todos os meus desejos, todos os meus sorrisos, todas as minhas reações. Vez em quando solto um sorriso bobo, um pouco envergonhado por nada, um pouco surpreso por tudo, coisas que nem a gente entende muito bem.
Certa feita, um pouco desorientado me peguei pensando no sim e no não, como respostas para qualquer tipo de pergunta, mas me perdi nas lacunas, nas entrelinhas, no abismo desses meus olhos negros, feito noite sem estrela, feito abismo sem final.
Estive perambulando um sonho mulambento, sujinho, mas de uma sujeira diferente, não dessas que a gente vê por aí, é um sujinho de desilusão.
Dormi encolhido no canto daquela cama que a cada dia me parece maior, aquela que poderia ser a menor do mundo, mas mesmo assim seria a maior, não preciso de muito, eu sempre fico encolhido mesmo, faça frio ou faça calor.
É como se um frio vindo de dentro me apavorasse os sonhos, é como se os sonhos se tivessem se tornado pesadelos a tempos e eu tivesse me acostumado e não ter um sonho bom. O quarto é escuro sim, é extensão de solidão. De tão grande ela não cabe no peito, e eu o que procuro? Procuro luz e não acho, até mesmo quando acho já não enxergo, no meio da escuridão a luz cega, a luz causa confusão.
Aí eu me encolho e digo: “- Não tem problema, eu sei viver no escuro!” Com um ar triste, um ar triste que as vezes chamam de charme, mas não entendo que charme existe na seriedade das minhas palavras rasas, no meu olhar distante de sempre.
Sorrio despercebido um sorriso suave, com cara de sono metade do dia e grande parte da noite, sorrio pra brigar com o coração.
E aí me olham de longe, menino com jeitinho de bom vivã, sorriso estampado quase sempre, mas não se sabe do coração. Não se sabe da guerra diária que é carregar o peso de tanta escuridão.
Ai me rendo a sentimentos bons, sentimentos bons sempre frustrados, não por culpa minha, mas por culpa de um mundo que vive a censurar o coração.
E eu repito; “ Não tem problema, eu estou acostumado a dormir encolhido no canto daquela cama, no quarto azul, mas sempre tão escuro que parece nem ter cor.”
E sempre repito: “Não parece certo, não parece certo viver na contra-mão!”

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