segunda-feira, 21 de maio de 2012

Eu sigo.

Eu não sei se morrerei sedento ou exausto, não sei muito bem se as horas que meu relógio velho de bolso marcam são reais, eu ando cabisbaixo pelos corredores acendendo meus cigarros com um velho esqueiro de fluido, contando os passos que meus tênis all star com o cadarço desamarrado conseguem dar antes que eu tropece nos meus próprios pés. Eu sempre achei que no auge de todos os meus sonhos mirabolantes eu me entregaria a loucura de ser um garoto qualquer, cheio de traumas, de não ser genial nem revolucionário, achei que me entregaria aos vinte e um anos de idade a total demência que é não entender todo esse primarismo do pensamento de certas pessoas, pensei que não chegaria aos vinte e cinco, ainda penso no caso de morrer aos vinte e sete e fingir ter sido um gênio, mesmo sabendo que não sou louco o bastante pra ser um. As vezes não sei bem o que quero, grande parte do tempo queria ter nascido em outra época, queria escrever todas as minhas lamentações em algumas folhas amareladas com caneta de penas, porque aí viria o vento a as levaria pra bem longe. As vezes queria só me sentar num canto e ficar, queria não conhecer certas consequências, jamais me entregaria a sonhos tolos, seria um menino mais leve, não me frustraria. O que eu carrego nos olhos são o resultado de uma vida regada a ilusões corriqueiras, é a falta de paciência com aqueles que cometem todos os dias os mesmo erros, sem saber que no fundo eu sou mais um desses, mais um humano, mais um animal sentimental e sem nenhuma importância. Dizia um certo pensador, acho que era Ghandi, não me lembro bem ao certo, que “ Qualquer coisa que você faça na sua vida será insignificante, mas é muito importante que você faça, porque ninguém mais fará.” Enfim, eu cuido do jardim mesmo não ligando pra flores, porque do meu jardim cuido eu e no fim das contas ninguém faria por mim, eu cuido de mim sem saber se essa dor que tanto machuca o peito é a sede ou a exaustão. Eu sigo adiante sem me importar com as reais razões, apenas sigo aquele caminho que certo dia o destino traçou.

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