sábado, 8 de dezembro de 2012

Epitáfio.


E o que o mundo há de dizer quando for o teu último dia?
E quando teu dia chegar? O que escreverás na lápide do teu tumulo?
O que será do teu epitáfio?
Mas antes, antes que isso aconteça, o que queres da vida?
Eu não preciso de muito, caro amigo, já quis fazer fortuna, já tive mil e uma pretensões deste tipo, até descobrir que não importava, que não há o que tire do peito a solidão, hoje eu só quero o necessário, hoje eu só preciso de ar nos pulmões e trabalho, não muito pra não me deixar gelado, não pouco pra me deixar acomodado.
Eu já pensei demais na solidão, até descobrir que ela é opcional, já nascemos e morremos sozinhos. Não existe quem sinta pelo outro a dor do primeiro ar que adentra o pulmões, não existe quem sinta pelo outro a angustia da solidão da morte. Mas, a solidão não é regra, a solidão é exceção, e é por isso que vivemos juntos, caso contrário viveríamos cada qual trancado em sua própria cela, no seu próprio calabouço.
Hoje eu vi um filme que falava sobre perdas, aquelas, que a gente tem por distração. Aquele momento em que poderíamos fazer algo pra mudar o rumo das coisas, mas que por pura distração não fazemos, já fazia tempo que pensava nisso, mas voltei a refletir sobre o assunto.
As vezes, quando temos tudo entre os dedos, podemos nos distrair na certeza do concreto, digo-lhes pior, não existe nada de concreto nesta vida! Os castelos desabam, os muros se desfazem, os ricos vão bancarrota. Mas os amores reais! Ah meu amigo, os amores reais hão de sobreviver!
O teu pai há de te amar mesmo que se vá, a tua mãe há de te afagar onde quer que esteja, o teu filho pode se irritar com os teus sermões, mas você sempre será a maior referencia de amor dele, a tua mulher pode até te deixar um dia, mas aquilo que plantaste no coração dela, cada beijo terno, cada afago, cada noite em que a sós dormiram calados respirando amor, ela há de levar.
Me voltei aos livros, me voltei aos poetas, me voltei ao amor, aquele que conheço e pensei na generosidade dele. Aí pensei na pobreza dos mais abonados de recursos e pobres de coração, me senti tão rico com esse coração no peito, cheio do tal do amor!
Eu não tinha muito, caro amigo! Andava por dias difíceis, mal carregava o corpo, tinha em mim uma fragilidade que poderia ser vista de longe, mas ali dentro ainda havia calor, e por isso eu ainda era um menino rico, saudável e vivo!
Mas, se hoje fosse meu último dia, eu teria o que escrever na lápide do meu tumulo: Este foi um homem rico, e que diferente da maioria dos outros levou consigo todo o seu tesouro.

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