Eu ando descalço
atordoado pela estrada de chamas, ando olhando pra frente sem saber
onde ela vai dar, sorrindo algum sorriso que se deixa confundir com o
meu, as lágrimas que caem dos meus olhos me deixam ainda mais
confuso, não sei se aquela dor deixou de ser dor quando ultrapassou
o limite do que é humano.
Eu daria tudo pelos
teus braços nessa noite de chuva, nem que fosse a última, nem que
me custasse mais muitos dos meus dias andando descalço nesta
estrada.
Eu queria te dar o
afago que nem eu mesmo conheço mais, e embora seja um tanto
atrapalhado, eu sou um desses meninos que sabem amar.
Eu queria te colocar em
apuros e te salvar das minhas próprias garras, ser teu vilão e teu
herói, como todo amor tem que ser.
Se o meu jeito de amar
é o certo? Respondi sorrindo, pausadamente: -Não existe forma
correta de amar! Existe o amor, e disso eu não duvido.
Depois segurei forte
contra o peito as minhas próprias mãos tentando fazer com que o
coração ficasse ali, mas ele dizia querer sair do peito e procurar
por ela, onde quer que ela estivesse.
Ela faz de mim um poeta
mais intenso, meu amigo. Ela me faz escrever com os punhos banhados
pelo sangue que bombeia tão forte que salta das veias, sem nenhum
tipo de intervenção externa. Ela arranca de mim os dizeres mais
incomuns, fala de um amor calmo mas me deixa ansioso, inseguro,
moleque.
E eu me seguro pra ser
o que ela idealiza, me seguro até não poder mais e explodir no que
eu sou, um menino intenso, daqueles que não sabem viver o dia se ele
for morno. Eu tenho pavor do morno, eu sei começar a amar novamente
todas as manhãs do meu jeito ardente, eu sou um desses meninos que
tem luz saltando de dentro de olhos escuros, eu sou noite e dia,
nunca aurora e crepúsculo.
Não é não saber ter
meio termo, é não ser meio termo, respeito os meios termos dos
outros, mas eu ainda prefiro inocentes e culpados, noites e dias,
branco ou preto, o cinza me deixa com tédio. Eu sou chegada e
partida, meu amor, eu sou um moleque, ainda tão menino, mas trago
comigo uma sede pelo que é de fazer o sangue estar ali, saltitando
nas veias, jorrando no papel enquanto com ele escrevo mil vezes o seu
nome, afim de que ainda quente possa pegar no papel e sentir nele
vida, nunca amenidades, nunca descasos. Eu sou um menino desses que
talvez você nem entenda, e que quem sabe mais tarde mude, mas hoje
eu sou um desses meninos. Ainda tão menino com todas essas coisas
saltando aos olhos.
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