domingo, 2 de dezembro de 2012

Sobre as chamas.


Eu ando descalço atordoado pela estrada de chamas, ando olhando pra frente sem saber onde ela vai dar, sorrindo algum sorriso que se deixa confundir com o meu, as lágrimas que caem dos meus olhos me deixam ainda mais confuso, não sei se aquela dor deixou de ser dor quando ultrapassou o limite do que é humano.
Eu daria tudo pelos teus braços nessa noite de chuva, nem que fosse a última, nem que me custasse mais muitos dos meus dias andando descalço nesta estrada.
Eu queria te dar o afago que nem eu mesmo conheço mais, e embora seja um tanto atrapalhado, eu sou um desses meninos que sabem amar.
Eu queria te colocar em apuros e te salvar das minhas próprias garras, ser teu vilão e teu herói, como todo amor tem que ser.
Se o meu jeito de amar é o certo? Respondi sorrindo, pausadamente: -Não existe forma correta de amar! Existe o amor, e disso eu não duvido.
Depois segurei forte contra o peito as minhas próprias mãos tentando fazer com que o coração ficasse ali, mas ele dizia querer sair do peito e procurar por ela, onde quer que ela estivesse.
Ela faz de mim um poeta mais intenso, meu amigo. Ela me faz escrever com os punhos banhados pelo sangue que bombeia tão forte que salta das veias, sem nenhum tipo de intervenção externa. Ela arranca de mim os dizeres mais incomuns, fala de um amor calmo mas me deixa ansioso, inseguro, moleque.
E eu me seguro pra ser o que ela idealiza, me seguro até não poder mais e explodir no que eu sou, um menino intenso, daqueles que não sabem viver o dia se ele for morno. Eu tenho pavor do morno, eu sei começar a amar novamente todas as manhãs do meu jeito ardente, eu sou um desses meninos que tem luz saltando de dentro de olhos escuros, eu sou noite e dia, nunca aurora e crepúsculo.
Não é não saber ter meio termo, é não ser meio termo, respeito os meios termos dos outros, mas eu ainda prefiro inocentes e culpados, noites e dias, branco ou preto, o cinza me deixa com tédio. Eu sou chegada e partida, meu amor, eu sou um moleque, ainda tão menino, mas trago comigo uma sede pelo que é de fazer o sangue estar ali, saltitando nas veias, jorrando no papel enquanto com ele escrevo mil vezes o seu nome, afim de que ainda quente possa pegar no papel e sentir nele vida, nunca amenidades, nunca descasos. Eu sou um menino desses que talvez você nem entenda, e que quem sabe mais tarde mude, mas hoje eu sou um desses meninos. Ainda tão menino com todas essas coisas saltando aos olhos.

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