sábado, 5 de janeiro de 2013

Bons dias.


Quantos amores ainda terá aquele meu primeiro amor? Quantos amores ainda hei de amar? Assim? Cansado! Inebriado por fantasias de noites passadas. Quantas marcas ainda hei de tatuar no meu próprio corpo e ainda transformar em doces os meus beijos amargos. De quantas ainda terei de ser?
Quantos beijos ainda serão diferentes? Quantos ainda serão tão iguais? Tão iguais a todos os outros!
Quantos corpos ainda encontrarei no final de qualquer noite? Porque os procuro? Se nessa sede incansável de afeto, meu coração se partiu em dois. O do lado direito ama o carinho e a atenção que deveria procurar em alguns braços, o do lado esquerdo sofre dia sim e outro não, mais sentimental que o outro lado, me parece vez ou outra mais sóbrio, guarda pra ele lembranças de alguns beijos passados, deseja pra sempre morar em alguns lábios que façam as duas partes se unirem e voltarem a ser apenas uma, do lado esquerdo.
Me apeguei aos sonhos e aos desejos, mas senti vontade de dormir em alguns braços, naquela noite não desejei amar – eu já amava e de nada adiantava - naquela noite eu desejei ser amado. Me virar pro lado antes de dormir, ganhar um agrado que viesse de um outro coração.
Eu não fui promiscuo, não pensei em corpos que se encontram, nem tive desejos carnais ludibriantes, só me encolhi entre aqueles braços e pedi que me fizesse dormir. Que não saísse dali, e que continuasse me amando, me amando sem parar até eu acordar.
Achei injusto, depois achei justo ser de um amor, nem que fosse só por uma noite. Achei justo me dar a ele um pouco, mesmo que fosse regado por um desejo de me sentir coberto e poder chorar o pouco de mágoa que eu ainda carregava. Eu tentei as cobertas, eu tentei os lençóis, hoje eu tentei amor e pareceu funcionar, me senti protegido por um campo magnético, embora vez ou outra ainda achasse errado receber demais sem ter o que dar em troca.
Que me desculpem as boas intenções – e eu sou cheio delas – mas hoje eu acordei afoito, e era necessário agir assim. Era necessário ver algo claro e tê-lo pra mim, só pra poder dormir em paz, só pra poder ser capaz de voltar a viver bons dias.

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