Me apeguei aos livros e
as canções. Me reprimi vez ou outra, estive comigo, só comigo.
Olhei pros lados e quis
esquecer todos os amores passados, um de cada vez. Alguns eu esqueci,
um outro ficou latente, mas enfim, nem tudo sempre está sob
controle.
Fui tempestade e depois
calmaria, fiz tudo errado e comecei de novo, com o intuito de fazer
tudo certo. Não fui perfeito, eu nunca consigo ser. Assim como você!
Mas quando acordei e me
vi no espelho, quis ver outra vez aquele meu velho sorriso maldito.
Não o vi. Eu tinha mudado tanto quanto não conseguia me reconhecer.
Só vi um sorriso sincero, aberto, claro. Meus olhos brilharam de um
jeito diferente, como se todos os ventos tivessem mudado.
Depois me sentei
naquela cadeira lá fora e fumei um cigarro, pensei em quanta coisa
me trouxe até aqui, depois amassei as lembranças e as joguei bem
longe, quis viver dali por diante levando comigo apenas os bons
sentimentos que delas surgiram.
Quis ser menino outra
vez, reaprender a amar, a sorrir e a andar com meus próprios passos.
Quis ser garoto, moleque, guri.
Mas, mesmo com todas as
lembranças apagadas ainda quis pegar na mão dela e dançar uma
dança desordenada, alegre, feliz. Sem passos pré ordenados,
daquelas que não se ensina, mas que se sorri enquanto os movimentos
são articulados. Chorei um pouquinho enquanto sorria, era doce, era
amor.
Depois me levantei e me
olhei novamente no espelho. Um tanto mais magro, um tanto mais leve
também na alma – aqueles dias anteriores haviam sido tão pesados
– que cheguei a flutuar mesmo com lágrimas ainda no rosto. Era um
misto de aceitação e leveza.
Eu já não era mais
tão criança, eu ainda não era tão adulto. No fundo eu só queria
o que todos querem, eu só queria ser feliz. Assim, como todos os
outros.
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