Eu já fui o menino
bonzinho de muitas as histórias. Eu fui vilão, sim eu já fui o
vilão em várias delas. Já despedacei corações e já tive o meu
dilacerado pelo tal amor. Eu já fui aquele de muitas mulheres, já
fui de uma mulher só. Hoje eu só sigo. Não sei se sou inocente ou
culpado, neste momento eu só sei que reaprendi a sorrir e que vez ou
outra o meu sorriso é maldito, e que acaba por encantar alguns
outros, e em outras vezes é ele sincero e sem intenção alguma de
criar ilusões.
Ando caminhando meio
assim, sem saber se sou o mesmo de antes, sendo diferente vez ou
outra. Mas confesso, se não me aquece o peito aquele tal amor real,
que me aqueça a noite aquele menino de antes, que embora fosse tão
errado era também tão sutil. Que abrigue meus dias aquele sorriso
maldito que apesar dos pesares era cordial, e que trazia pra perto de
mim todos aqueles outros sorrisos.
Que traga mais luz
aquela minha inconsequência, quase que inocente, tão inconsequente
com qualquer coração, sem cuidado algum. As vezes eu me machuco, as
vezes eu causo dor, mas nunca é premeditado, é sempre tão coisa de
menino, só coisa de menino que quer se sentir desejado. Afinal, que
menino não é assim?
Eu coloco as mãos nos
bolsos e me aqueço, já que a chuva desta tarde de janeiro deixou o
centro do sudeste tão frio, eu só coloco um moletom e saio pelas
ruas assim que a chuva cessa. Tão calmo, tão menino, tão só.
Mais tarde talvez eu
queira tomar algo quente, olhar nos olhos de uma dessas meninas e
falar sobre os astros e constelações, talvez eu queira falar sobre
os poetas, fumar mais um cigarro, sentir um cheiro diferente, um
outro beijo e fazer poesia, poesia.
Afinal de contas eu sou
um poeta, e é isso que os poetas fazem.
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