segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Anjo.




E entre o céu e o inferno, ele era uma espécie de anjo confuso, anotando as próprias palavras para não esquecer nada do que ainda queria saber.
De longe vinha observando os passos de cada um de seus sonhos,  observava também seu próprio coração a pulsar dentro de um silêncio que era só seu. Carregando o peso de suas asas ele se dirigiu ao lugar mais alto, e ainda meio desnorteado se guardou em um velho sorriso infantil, claro, largo.
Venha desfrutar do meu mundo! Disse ele quando ainda era cedo, mas aos poucos foi guardando só pra si seu próprio encanto, decidiu deixar de habitar entre o céu e o inferno, deixou de ser anjo e desceu a terra. Misturou-se a outros seres tão comuns e deixou pra lá as asas, a pureza eterna, a missão do resguardo santo.
Um menino tão comum, ele caminha pelas ruas, meio despenteado nas manhãs de segunda e nas noites de sábado também, carregando nos bolsos algumas coisas que nem precisava antes.
Aprendeu os vícios e os pecados mais carnais, se tornou tão humano quanto sempre quis. E mesmo sabendo que qualquer um não tomaria tal decisão, ele não se arrependeu. Teve pra si  aquelas experiências que de tão humanas quanto mortais, chagavam a ter cheiro de carne viva, de sangue quente. Cheiro de vida.
Quis pra si o amor, mas descobriu que caso acontecesse ele voltaria ao estado que se encontrava a principio, ali, sentado entre o céu e o inferno, confuso, anotando as próprias palavras.

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