Não sei se me encantei por ti ou por esse laços poéticos que
te unem a mim, essa razão que acabo por ter para escrever. Não sei se me
encantei por ti ou pela minha letra tremida no papel branco e pela presença de
algo que me deixava mais a flor de qualquer pele. Não sei, apenas penso.
Em algumas noites seguro a caneta como quem segura a própria
vida e faz do papel um espaço em branco onde se rabisca sentimentos, faço dela
um quarto desarrumado porém quente. Te desenho nos cantos da folha afim de que
olhando nos teus olhos - que mal consigo desenhar, visto que não tenho talento
motor algum – eu possa sentir novamente o sangue fervendo nas veias, porém, com
a doçura de um poeta.
Eu já tatuei na alma alguns detalhes que eu não posso me
esquecer, anoitei e expliquei no dicionário invisível dos meus pensamentos
inoportunos, como aqueles pensamentos que devem ser mentidos em segredo, porque
se ditos seriam capazes de fazer tragédia no cotidiano.
Fui trágico nas entrelinhas anteriores sem motivo algum, por
ser poeta, somente por ser poeta eu não
poderia falar de sentimento algum sem exagero, se não que graça teria parar os
afazeres pra ler monotonias. Que graça teria?
A sofreguidão, a paixão, a felicidade estrondosa, as
lágrimas e os sorrisos tende a estar presentes com força em todas as linhas,
não seria o poeta diferente caso encarasse tudo com olhar frio, não seria
sequer poeta aquele que encarasse com frieza e equilíbrio os traços que deixa
em letra tremula na folha em branco. E se não és capaz de entender, porque um
dia optaste por se entregar aos braços do poeta?
O céu escuro de uma noite de verão não é lugar confortável para
que habitem aqueles sonhos, tire-os de lá, tire-os do mormaço, da chuva que é
quase quente, do céu que de tão escuro é quase frio. Tire de lá os sonhos e os
entregue a manhã de verão que surgirá após a chuva, em uma espetáculo de cores.
Me dê a mão, não se preocupe com a hora, de tão tarde é
quase cedo demais, de tão cedo é quase a hora exata. Não se perca, não se
encontre, não se procure! Eu tenho entre os dedos o que você mais deseja, mas não é
capaz de admitir.
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