Fez-se de bobo pra não perder o
encanto de menino, se sentou desajeitado ao lado da janela e ficou a olhar a
paisagem que aquele caminho oferecia. Não estava acostumado a ser coadjuvante, nunca
se acostumaria e por isso resolveu viver outras histórias, outras histórias
suas, onde teria fala, marcação, expressão.
Por ser exatamente como você, eu
lhe entendo, menino. Compreendo essa sua sede por mais e mais. Sou outro desses
meninos que colecionam grandes coisas da vida.
As tuas escolhas fazem de você
quem você é! O teu amor no peito, tuas mãos nos bolsos, seu cigarro em mãos, só
pra ter algo que possa manejar, só pra ter nos lábios um vicio a mais, um vicio
qualquer.
E na verdade ele nem liga,
enquanto cruza a estrada só observando a paisagem. Ele tem destino certo, mas
mesmo assim às vezes se entrega a própria sorte, com um certo ar aventureiro nos
olhos. De passo em passo cria a estrada, não cruza o horizonte, cruza o seu
próprio destino de olhos calmos e coração tranquilo.
Vez ou outra se deixa inebriar,
mas acaba por voltar a aquele auto controle só dele, aquele que acaba por
trazer novos caminhos, novos sorrisos, novas direções. Seria ele só um menino, caso não fosse este auto controle.
Eu entendo este fim de tarde, eu
entendo o que as cores dizem quando cruzam o céu em um espetáculo inigualável,
eu entendo seus olhos menino, quase negros, iguais aos meus. Entendo o que
queres quando simplesmente se convence que irá ser feliz de novo, entendo e não
espero que vá atrás de menos que isto.
Sorria como um moleque, seja como
for, seja o que desejar ser. O mundo não
irá condenar seus erros tão cheios de bons fluidos e intenções tão inocentes.
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