segunda-feira, 11 de março de 2013

De longe.





Eu não arranco páginas mal escritas de uma história em preto e branco. Eu reluto cheio de manias, vez ou outra olho pra outros olhos, embriagado pelo álcool, maníaco por uma paz que eu não alcanço, mas que a qualquer momento há de chegar.
Às vezes, não tardiamente, tenho dentro de mim um garoto tranqüilo, já me livrei de muita coisa, como a sede incontida de falar com você e te pegar pelo braço e te fazer ficar.
Muita coisa mudou. Hoje só penso que poderia ter sido diferente. Quem dera tivesse sido. Diferente no sentido de não ter sido tão importante,não ter sido intenso. Já foram tantas as mulheres que passaram, poderia ter sido como todas elas. Passar e ir embora me deixando um beijo e um sorriso. Que eu me despedisse no portão sem vontade de pedir pra que ficasse, que não fosse assim, tão grande pra mim.
Eu fiz uma lista com todos os defeitos teus, todos os que eu conheço, já que não conheço tanto assim de você – parece irônico, mas eu não lhe conheço tanto assim, e sei que isso é graças a mais um desses defeitos seus – e tentei colocar numa balança onde eu era o menino bom e você a mulher errada, cheia de mistérios que eu não quero descobrir. Mas meu plano restou falho quando lembrei um sorriso, apenas um, todos os defeitos que eu conhecia desapareceram e por fim acabei por exaltar meia dúzia de qualidades suas que eu conheço, já que não lhe conheço tanto assim.
Eu trai o amor que sentia, tentando tocar outros lábios que jamais me supriram e senti nojo de mim, sempre nas manhãs de sábado, outras vezes nas manhãs de domingo, embriagado por um resto de bebedeira, por uma ressaca que não era moral e sim sentimental. Diria assim pra não pesar mal os valores do que tento descrever.
Eu te culpei pelo que não fez, eu me culpei pelo que não fiz. Te odiei por minutos, sem parar e em seguida quis sentir novamente o teu cheiro colado no meu lençol, quis te olhar nos olhos e em seguida chorei um choro incontido. Dormi, feito criança assustada.
Ganhei uma certa calma com o passar dos dias, quis te ver distante achando que adiantaria, mas como eu aprendi há muito tempo: A distancia realmente é uma balança justa, que consegue avaliar o que realmente é verdadeiro.
Um fim de noite dessas eu olhei pra um enorme prédio azul, cheios de ônibus que iam e voltavam de lugares incertos e não sabidos, só passei por perto, indo pra casa, voltando pro meu lugar. E sem perceber senti  o rosto molhado, um aperto no peito que não era mágoa, não era raiva nem desespero. Foi só uma saudade daquelas injustas, mal ditas, malditas.
E poderia ser você uma mulher perfeita, mas eu sabia que não. Eu sabia que era falha, mas não me importavam nenhuma das tuas negligencias. Talvez eu não te quisesse mais do que um segundo, só pra te sentir por perto mais uma vez. Talvez eu quisesse bem mais que isso, mas não me veio nenhuma pretensão a mente. “ Só uma saudade irracional de você.”
E aos poucos as lagrimas vinham naturalmente e eu segui aquele caminho que já fiz nos teus braços quentes, numa noite tão fria. Fiz sozinho, sentindo tanto frio, olhando pela janela, mal enxergando as placas daquela estrada.
Não perca seu tempo comigo, só saiba. Por mais que eu tente, eu não sei te fazer ser mais uma dessas mulheres que não me interessam. Às vezes até queria que fosse, mas existe algo que não deixa que isso aconteça.
Te encontro pela vida, não te obrigo a nada, não tenho pretensões, não tenho segredos, não tenho rancores. Te encontro pela vida com saudade, te olho nos olhos com transparência seja quando for. Te encontro pela vida por acaso, aqui ou em outro continente. Aqui ou em outro planeta. Te encontro ainda nessa vida, cheio de saudade. Te encontro, te amo, te entrego meus sorrisos mais largos.

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