terça-feira, 19 de março de 2013

Estrela cadente.





Relapso o poeta se perdeu nos afazeres diários, já que não vive só de poesia.  Colocou o café quente sobre a mesa e voltou a buscar nos livros alguma sabedoria.
Era encantador vez ou outra e sabia exatamente como chegar ao coração de uma mulher, mas não sabia como manter o encanto. Fazia tanto alarde na entrada que aos poucos se apagava, causava grandes impressões e por isso não sabia exatamente como ficar quando percebiam que ele era simplesmente outro ser humano normal. Como todos os outros.
O menino tinha vontade de ter outra vez tardes tranquilas, coração calmo, pés com pés num fim de tarde fria. O menino andava com as mãos nos bolsos do paletó, às vezes trançando as pernas e contando os passos, dirigia às vezes com pressa, angustiado. Dirigia às vezes devagar, minucioso.
Tinha um desejo incontrolável por lábios e pernas, seios e trejeitos de mulher. Mas no fundo gostaria de se apaixonar por apenas uma dessas mulheres e com ela permanecer, trocar os segredos mais íntimos, sorrir por nada. Ser só menino, sem alardes, sem grandes impressões. Ser apenas ele mesmo.
Mas era estrela cadente, chamaria a atenção por alguns segundos, causaria grandes paixões, confusão, e deixaria de ser o centro das atenções pra se tornar nada e mais uma vez impressionar uma outra mulher. Isso já não o satisfazia mais, mas era tudo o que ele tinha. Era o que sabia fazer de melhor.
Não me olhe assim menina, não ouse se apaixonar por mim se não pretender me amar! O velho coração do poeta que às vezes é tão menino, já se cansou dessa brincadeira. O coração do jovem poeta que às vezes é tão velho já conhece todos esses jogos e sentimentos, e não se diverte mais tanto assim com essas coisas tão mal situadas.
Mas mesmo assim, ele ainda não descobriu como deixar de ser estrela cadente.

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