sexta-feira, 15 de março de 2013

Por um segundo de amenidade.






Não interessa quanto tempo passa, algumas coisas não mudam. O teu tempo que dá pra tudo,mas que no fim das contas não dá pra nada. O meu papo de menino carente, a minha mania de achar que achei a mulher da minha vida, toda vez que eu me apaixono. Minha síndrome de me apaixonar uma vez a cada, sei lá, anos e anos entre uma paixão e outra. Meu jeito manso de atravessar o corpo na cama e no final acabar dormindo encolhido. Essa coisa de não saber dormir sozinho. Algumas coisas realmente nunca mudam.
E mesmo que as minhas responsabilidades hoje sejam outras, eu ainda ando despenteado pela casa nas manhãs de sábado, ainda passo o dia todo de pijama. Eu ainda gosto de cerveja nacional gelada e cerveja importada quente. Eu ainda gosto de café forte, pipoca bem salgada e queijo quente.
Eu ainda sonho em largar tudo e ir ser feliz, não sei onde. Talvez onde morem todos os meus outros sonhos. Eu ainda saio de casa a noite e vejo o dia nascer em algum lugar inimaginável. Eu ainda tenho sangue nas veias, e confesso, às vezes algumas garotas ainda me seduzem.
Eu ainda leio alguns livros inteiros e outros pela metade. Se não me agrada largo logo, se não me encanta deixo logo nas primeiras páginas, assim, como essas outras mulheres que vem passando na minha vida. Preguiça de continuar lendo quando a história não me causa êxtase.
Desisti de amontoar, mas ainda tomo mil remédios pra doenças que nem tenho, ainda tenho medo de me tornar cada vez mais maluco. Ainda falo sozinho, ainda odeio leite quente demais, ainda não aprendi a gostar de lasanha. E ah! Às vezes me confundo todo entre o que sou e o que ainda desejo ser.
Tanta coisa muda de lugar, mas meu sorriso de menino ainda é abundante, embora aqui dentro eu ainda me sinta tão sozinho. É mortal isso de não se entregar fácil aos sentimentos, faz com que a gente se prenda nos poucos que acabam entrando. Eu andei me esforçando pra deixar quem gosta de mim me conquistar. Fui injusto em dois momentos, no que permiti que tentassem, no que soube que não conseguiriam.
A minha solidão é tão ingrata, caro amigo. Eu me sinto tão só, e eu estou sempre tão acompanhado. Já torci pra uma dessas mulheres que passam pela minha vida me levar o coração, mas eu, tão estranho não consigo. Eu me sinto tão carente e rejeito o carinho de quem me oferece com o coração.
Oh, meu Deus! Porque poeta? Porque tão complexo? Porque essa alma de artista me arrancando das entranhas tantas manias estranhas? Oh meu Deus! Por quê?
Se pelo menos dessas manias e complexidades o mundo me trouxesse mais momentos daquele menino calmo. Talvez eu ponderasse esse artista, esse poeta, esse ser tão temperamental. Mas por hoje eu só peço um segundo de amenidade. Eu só peço a tranquilidade de poder voltar a dormir em paz.

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