A mais bela poesia.

Seria parte de mim caso não me tomasse todo. Logo eu que aprendi a ser tão livre, tão meu, tão menino desleixado, confuso, conturbado. Logo eu que ainda acreditava no amor mas fugia dele tentando adiar, remediar. Não sentir.

Olhou-me pretensiosa, eu não retruquei, não desviei os olhos, não pedi mais uma dose, não fiz nada do que faria corriqueiramente. Me esqueci de tudo o que veio antes dela, me fiz dela. De mais ninguém.

É o seu sorriso de menina e esses trejeitos de mulher que me encantam durante os dias. São as horas passando rápido no meu coração antes tão conturbado, agora tão tranquilo. Sou eu sendo tão menino, tão sincero, tão claro. São aquelas coisas um pouco raras, muito mágicas acontecendo como não mais aconteciam.

Distorço-me, não me reconheço, mas sei que sou bem melhor.  Te espero, pelo avesso, em qualquer uma dessas suas facetas que me encantam. E embora às vezes pareça, eu já nem sou mais tão menino assim há muito tempo.

Não me interessa o que veio antes de mim, eu não faço questão de ter outros sonhos também. Estou completo, as outras coisas são detalhes que vem pra colorir esses meus olhos quase negros.

Seria parte permanente de mim, caso não fosse eu mesmo.

Já não ando mais tão encolhido, mãos nos bolsos, olhar distante. Ando com um sorriso largo nos lábios, ando despenteado, com aquela minha mesma cara de sono de sempre, ando procurando as palavras mais doces pra te dar. Pra te ser, pra te estar.

Seriam pra ela todas as palavras, caso já não fosse ela a minha mais bela poesia.