terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ao despertar


Eu te daria a eternidade caso a possuísse, mas eu andei tão errado por aí. Eu tive medo de mim mesmo em noites escuras. É, eu quis tanto cuidar de nunca te perder que me perdi. Perdi aquela minha paciência comigo mesmo e tive medo de te perder. Meu medo foi maior que eu e por isso eu me agarrei em você, eu lhe prendi entre os meus braços. Entenda, você era tudo o que eu tinha naquele momento.
Eu nunca quis teu mau, meu amor! Eu só precisava de você, mais do que nunca precisei de ninguém. Eu não queria muito! Eu só queria que ficasse ali.
Oh meu grande amor! Eu atravessei tantas vidas, eu sei que deveria agir de outra forma, mas eu não pude. Eu sei que lhe sufocou a minha necessidade, mas você era a única coisa que me fazia feliz naquele meu mundo nebuloso, triste.
Não me esqueça aqui fora, eu trouxe flores! Tudo bem, eu sei que você não gosta de flores! Por isso eu trouxe também  um abraço demorado, apertado. As flores eram só pra não chegar de mãos vazias, só pra não me perguntar onde coloco elas.
Eu trouxe também todos aqueles sonhos, as crianças  brincando no jardim, o meu amor por você e por elas. Eu trouxe algumas coisas que mudei ao te conhecer, a boemia que foi deixada pra trás, a vontade de conquistar a cada dia a mesma mulher.
Olhe pros meus bolsos, em vez de chave e cigarros, eu trouxe desta vez uma curta carta, um pedido pra vida inteira, tudo o que eu tenho em um pedaço pequeno de papel. Eu nunca fiz isso por ninguém!
Olhe pros meus olhos e veja! Eles só tem luz quando olham pra você!
Naquela manhã, quando acordei, a cama me parecia mil vezes maior e eu me coloquei a escrever tais palavras. Mas aí de repente, Eu percebi ainda estar dormindo , e eu sabia, que todas aquelas linhas restavam cheias de uma saudade que eu daria a vida pra jamais sentir.
Alguns segundos depois eu despertei finalmente e te senti ali, do meu lado direito, em um sono tranqüilo, andei pela casa abrindo aquelas outras portas e eles estavam ali, dormindo, resmungando sonhos bons, ainda tão dependentes de nós, ainda tão frágeis. Eu olhei no espelho e sorri! Eles tinham voltado pra mim e eu pra eles. Tudo aquilo era um pesadelo e o sonho  acabara de recomeçar.

Quem dera toda dor fosse pesadelo, desses  dos quais a gente acorda num belo dia de sol.

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