Eu já tinha falado de
tanta coisa, era janeiro! Já tinham saído do meu rosto aquelas
expressões de vinte e poucos anos, o desespero, a ansiedade não!
Eu procurei saber onde
eu encontraria esse sentimento, mas como nunca o encontrava me perdia
em histórias irreais, afoitas, desnecessárias.
Era verão, me lembro
bem – ainda é verão – e eu a vi, ali, onde jamais procurava. Em
outros dias eu teria a olhado como uma “velha” conhecida! Mas
não, aquele dia era o dia exato de eu ver nela a mulher que ela é.
Me olhou com olhos de
descoberta, ela mal sabia quem eu era, e naquele momento nem sabia
quem eu havia me tornado. Me olhou com aqueles olhos que eu não me
canso de olhar, claros, assim como a alma dela. E eu? Eu mergulhei
neles!
Ela não fez rodeios,
simplesmente se sentou no centro da minha sala de estar e fitou-me
com aqueles olhos, eu fiquei observando, me senti sei lá, mais doce.
Ela sorriu pra mim.
Ela tinha um nome
comum, vinte e poucos anos, olhos que eram só dela, não pelo que
pareciam ser mas pelo que carregavam. Às vezes parecia uma menina
normal, uma mulher que contaria histórias sobre amores e fins de
tarde. Mas era diferente! Me deixe contar...
Eu olhei pra ela e
senti duas coisas controversas, senti o arrepio na espinha seguido
pela tranquilidade de ouvir sua voz, eu estava eufórico e
incrivelmente tranquilo ao mesmo tempo. Confesso que me assustei
algumas vezes, mas não quis me afastar dela sequer um passo, eu
queria os braços dela, eu queria abrir meus braços pra ela.
A moça bonita, que
além de belos olhos trazia no sorriso tanta luz parou meu tempo, eu
resmunguei alguma coisa, ela entendeu e sorriu. Me ofereceu o afago
dos dias a fio e comigo atravessou janeiro. Já era fevereiro! Por
mim poderia se arrastar pelos anos, contando que durasse muito, que
me levasse nos sonhos e nos dias,me levasse no peito como eu venho a
trazendo. Eu sabia que agora fazia parte dos pensamentos dela –
sorri desconsertado – me senti tão feliz!
Não se preocupe, moça!
Eu tenho pra ti um sonho, eu tenho pra ti a tranquilidade que escondo
nesses meus olhos cor de noite, nesses acordes que eu venho
aprendendo a tocar, nesse abraço que quer ser seu todos os dias!
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